As horas passam... Lentamente,
vão me envolvendo na escuridão da noite que tudo encobre.
Aquieto-me. Silencio o coração e minha alma voa alçada pelos
pensamentos que te buscam, pensamentos do menino que ainda sou e te gosta feito
criança, que gosta sem perguntar, sem preocupação, até mesmo sem razão, do jeito
mais puro e inocente.
Minha alma voa. Livre, sem asas, mergulha nas cores do arco-íris. E busca,
também, a luz da lua e do sol, que coloriu de prata e dourado todos os sonhos
com que te sonhei.
Mas o pensamento vai além. Retrocede no tempo e tenta refazer caminhos
para saber onde me perdi de ti, e saber por que eu não estava onde pudesse te
encontrar.
Talvez, se tivesse te encontrado antes, não trouxesse em mim tantas
cicatrizes, e nem os medos causados por tantos desenganos.
As horas passam... Como se passaram os dias, os meses e os anos desde
o primeiro encontro.
Mas ficarão saudades e lembranças, que hão de vencer todas as
barreiras. Da distância, do silêncio, da ausência de nos dois.
Lembranças... Dos encontros de cada noite, das palavras trocadas, dos
risos e confidências...
Saudade... Dos beijos, até mesmo daqueles não dados, do calor do corpo
aquecendo a vida, da suavidade das mãos entrelaçadas no gozo maior desse amor.
Renato Oliveira