No lusco-fusco da tarde que se esvai, por entre nuvens que encobrem
o céu, escrevo.
Não antes, nem depois, do exato momento que deveria. Apenas no
instante em que as palavras surgem espontaneamente –sempre-, e ficam dançando no
pensamento, tentando chegar-me à boca. Mas, para quê, se não há quem me ouça?
E cada palavra é a emoção que se faz vívida, a alegria em que se
refaz a vida nos encontros e reencontros com tua voz (eu te ouço...), com teu
sorriso (eu o vejo...), na procura inútil de uma ternura que se fez passado.
E são tão intensas, que preenchem o vazio da alma, nessa tua
ausência concreta, nessa busca constante do sonho bom, da paz, e do que é mais
sublime no querer.
Pode tudo
isto parecer meio nostálgico, mas faz bem. Ao coração. À alma. Ao viver.
E vou cantarolando as canções em que, muita vez, nos deixamos
embalar...
Renato Oliveira