domingo, 23 de maio de 2010

Essa saudade...

Essa saudade que chega de mansinho,
Vai entrando na alma sorrateira,
E quando se vê, se adonou por inteira
Daquele que era teu cantinho.

Essa saudade que chega de mansinho,
Se fingindo de doce recordação,
Vai, aos poucos, numa explosão,
Mostrando a dor de estar sozinho.

Essa saudade que chega de mansinho
Nas horas em que se espera
As cores e o sol da primavera,
É chuva de inverno no caminho.

Essa saudade que chega de mansinho
Dói tanto, e tanto mais quanto se mostra
Inclemente, rígida e impiedosa
Dos sonhos de sonhar vazios.

Essa saudade que chega de mansinho
Sem cores, sem brilho, sem matizes,
Arranca as flores deixando raízes
Retorcidas à beira do caminho.

Renato Oliveira

domingo, 16 de maio de 2010

Eu te esperei...

Eu te esperei...
Por longas noites, tristes madrugadas,
Eu te esperei.
Mas nunca viestes.
E eu vivi esta ilusão por mim criada,
De te ver chegar, minha doce amada,
Num clarão de lua, completamente nua,
Tua pele branca a brilhar em meus braços.
Eu te esperei...
Não como um sonho,
que se desfaz quando amanhece,

Mas tão real
Quanto a este amor que te ofereço,
Quanto a tristeza que me toma
Por não te ver chegar.
Eu te esperei,
E te espero ainda...
Mas, até quando, não sei...

Renato Oliveira

segunda-feira, 3 de maio de 2010

(In)Felicidade...

Luz que tarde ilumina,
A vida que cedo declina
Dos sonhos que não pode sonhar.
Felicidade...
Porque demoraste tanto a chegar?

Renato Oliveira

A dor e o amor...

A dor
E o amor
São tão iguais,
Tão irmãos,
Que um após outro,
Se acomodam no coração.

Renato Oliveira

Minha oração...

Senhor,
Dai-me o cantar
E que meu canto
Possa secar o pranto
Cansado de chorar
Nos olhos de minha gente.

Senhor,
Se me pudesses doar
O poder da multiplicação,
Faria de um, um cento, o pão
Com que irei saciar
A fome de minha gente.

Senhor,
Queria de tuas mãos receber
O dom da comiseração
A misericórdia no coração,
Para com elas, as dores arrefecer
No corpo de minha gente.

Senhor,
Dai-me a resignação,
A força de seguir lutando,
Em teu nome espalhando
O bálsamo suave de tua oração
À alma sofrida de minha gente.

Renato Oliveira

domingo, 2 de maio de 2010

Epitáfio...

"Aqui jaz quem morrer não queria,
Mas, se viver não poderia,
Que caminho tomar?
Quem souber a resposta
Que a entregue, pessoalmente,
Do outro lado da porta".

Renato Oliveira