Vai entrando na alma sorrateira,
E quando se vê, se adonou por inteira
Daquele que era teu cantinho.
Essa saudade que chega de mansinho,
Se fingindo de doce recordação,
Vai, aos poucos, numa explosão,
Mostrando a dor de estar sozinho.
Essa saudade que chega de mansinho
Nas horas em que se espera
As cores e o sol da primavera,
É chuva de inverno no caminho.
Essa saudade que chega de mansinho
Dói tanto, e tanto mais quanto se mostra
Inclemente, rígida e impiedosa
Dos sonhos de sonhar vazios.
Essa saudade que chega de mansinho
Sem cores, sem brilho, sem matizes,
Arranca as flores deixando raízes
Retorcidas à beira do caminho.
Renato Oliveira
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