domingo, 6 de novembro de 2011

Miragem...

Moldo no pensamento o vulto
Encoberto por não ser, a vida,
Os sonhos inquietos e mudos
De todas as idades. E contidas
Inquietações e silêncios explodem
No vazio de todos os segundos.

Lentamente, abre-se a alma e me vem
Todos os aromas e cores de antigas
Visões. E as sombras, lúgubres, tecem
Os seus acordes em triste monotonia,
Nas fibras do corpo que, um dia,
Por gozos de amor, estremecia...

Te vais de mim... Pouco a pouco,
Brumas o olhar envolvem...
E o frio e o silêncio tomam do corpo
Todo calor que ainda persistia,
E cala-se de vez a minha voz.
Fostes uma miragem, que se desfez...

Renato Oliveira

Por fim chegastes...

Por fim, chegastes...
E por que não viestes antes,
Amada? Por que me deixastes só,
Acariciando minha solidão,
Aprendendo a parir um amor,
Sozinho, cheio de medos e saudades?
E, se não pudestes vir antes,
Por que viestes agora, quando é tarde
Demais, quando declina meu sol
E me vejo condenado a essa sujeição?

Renato Oliveira