domingo, 16 de dezembro de 2012

Esta saudade em mim...



Esta saudade em mim é tua ausência concreta.
Roças, em sonhos, tua boca em meu rosto,
E tuas mãos percorrem o corpo,
Aprisionando em concha o teu desejo;
Tu o queres em ti enclausurado.
Deslizo em carícias por teu corpo,
Mãos e boca descobrindo teus caminhos.
E vou além dentro de ti, em teu íntimo
Buscando conhecer do teu sabor e teu prazer.
E desperto no gozo maior destes beijos.

Eu, sonhador...



Eu, pe(s)cador de muitos sonhos,
Traço -num traço sem muita cor-
Riscos que pretendem dizer,
Mais do que sabem fazer,
Dos contornos de um rosto,
Do brilho de um sorriso,
E da intensidade de um olhar
Perdidos por distante e ausente.

E busco criar a imagem
Do amor, assim como eu o tenho
E vejo em todo meu sonhar.
Rabiscando o vazio, me entretenho
Imaginando em cada traço
O resultado que me trará.
E o que encontro, por fim,
Depois de tanto rabiscar,
És tu, em teu retrato,
Sorrindo para mim.

Ontem... Hoje...

Ontem...
O silêncio da alma vazia
De afetos, e um sonho distante
E disperso. Assim eu me diluia
Em noites e noites insones.
E eu tão pouco queria.
Só um pedacinho de felicidade. ..

Hoje...
Música na distância entoada
-Como um sonho próximo e remoto-
Que me veio aliviar a alma
Num sonhar sem contornos
Das manhãs orvalhadas.
Então, o amor se fez o sono
Onde, em serena paz,
Dorme tranquilo o coração
Que em vida se refaz.

Renato Oliveira
 
 

domingo, 5 de agosto de 2012

Encontros...

Repetem-se, em todas as noites,
Lúcidos sonhos dos encontros
Em meio ao luar que nos enfeitava.
Unem-se as mãos, entrelaçadas
No encantado rítmo dos corpos,
Como um só corpo, da noite,
Nas manhãs tecendo a luz.
Íntimo silêncio teu,
Teu silêncio se faz e seduz
Abrindo-se na vida, para a vida,
Meus desejos há muito adormecidos.

Renato Oliveira

quarta-feira, 9 de maio de 2012

...

Guardo na lembrança, amor,
Estes teus lindos olhos a me sorrirem
Uma nesga de luz em meio às trevas
Suave presença de ti, que vai, aos ventos que correm
A exalar o teu perfume, o perfume de uma flor.

Renato Oliveira
Primavera de 61

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Venho de tempos outros...

Venho de tempos outros,
Onde plantaste tuas raízes
E colheste o amor que agora me ofereces.
Venho, não de auroras coloridas,
Mas de tarde esvaídas
Em descaminhos de ocasos noturnos.
Eu, que nada plantei, em ti
Colho frutos que não conhecia
E são fontes da vida
Que me invade por inteiro.

Renato Oliveira
12/04/12

terça-feira, 20 de março de 2012

As horas me abraçam...

As horas me abraçam
Para que eu não as veja passar...
E também não veja esvoaçar
Esse pássaro de sonho
Que sai do teu corpo,
E vem, lenta tentação,
Envolver meu corpo
Em tuas carícias sem tato e sem olhar...

Renato Oliveira
19/03/12

Faço da minha vida...

Faço da minha vida um barco...
As velas, lembranças flanadas,
Navegam em saudades
Através de todas as idades
Que me foram dadas
Viver. E eu ainda vivo...

Faço da minha alma um pássaro
Às margens de um rio pousado.
As águas mansas carregam
A melodia em que se fizeram
Todos os sonhos, sonhados
Ou não. E eu ainda vivo...

Banho meu coração na clara
Manhã dos dias feito dessa paz
Que envolve teu lembrar.
Chegas, assim, bem devagar,
Na serenidade que me faz
Viver. E seguirei na minha seara...

Renato Oliveira
19/03/12

segunda-feira, 12 de março de 2012

Hoje somos...

Hoje somos
Apenas o que somos.
Sombras distantes
Que vivem o presente,
Esquecidos do passado
E de tudo que fomos.

Olha nos meus olhos.
Aqui, nesse silêncio,
Só o sentimento
É testemunha do viver
Assim como vivemos:
Almas leves como o sonho
Que nos leva
Por onde nos leva o amor.

Renato Oliveira

Ciranda, cirandinha...

Ciranda, cirandinha,
Onde está o meu amor?
Disse um verso bem bonito,
Saiu da roda e não voltou.

Agora entro na roda
E meu verso vou dizer:
A ciranda deu meia volta,
Na volta e meia perdi voce.

Ciranda, cirandinha,
Vamos voltar a cirandar.
Talvez na volta da ciranda
Possa meu amor encontrar.

Renato Oliveira

quinta-feira, 8 de março de 2012

Mulher...

É um nome,
Uma flor,
É mulher.
Dos seus filhos,
Do seu homem.
É o amor
Em dom de magia,
Quando se quer.
É o tom da alegria,
É o raio, é o brilho
Do sol e da lua,
É o vento
e a chuva,
É a casa nunca vazia...

Mulher...
É um nome,
Uma flor,
Uma prece
De amor.

Renato Oliveira
08/03/12

Uma bela mulher...

Uma bela mulher...
O amor que acontece,
A vida que se embaralha
E o sonho que adoece.
A noite que não desperta,
O dia que não finda.
Tanta coisa para dizer
E as palavras são nadas,
Um mudismo de tremer,
Feito criança traquina
Mentindo uma arte qualquer.

Uma bela mulher...
Que se quer por amor,
Por desejo ou puro tesão,
Inferno que acontece
E se perde toda razão.
A noite que não chega
Para acabar logo esse dia
E se deixar adormecer
Em meio à longa agonia
Dos pesadêlos de se ver
Descoberto
Em um segredo tão protegido.

Renato Oliveira
08/03/12

segunda-feira, 5 de março de 2012

Rolando pela vida...

Rolando pela vida afora,
Ao sabor dos tempos e dos ventos,
Vou-me vivendo e debatendo,
Morrendo e renascendo.

À cada morte, o fim
De uma esperança perdida;
À cada renascer, a alegria
Fúnebre de uma nova vida.

E vou-me rolando na existência,
Feito pedaço de pau na enxurrada
Carregado.
Sem eira, nem beira, sem destino.
Só desatino.
Sem fé, amor e crença.
Apenas um corpo, nada mais,
Que nesse mundo despenca.

Renato Oliveira

Por um tapete de nuvens...

Por um tapete de nuvens claras,
Iluminado aos raios de luar,
Passeamos em nossas madrugadas
No azul do céu.

E, nos limites do infinito,
Lá bem distante,
Longe de olhos profanos
Plantei jardins coloridos,
Campos de girassóis,
Que irão formar teu arco-íris,
Chuva de ouro e prata
No brilho das estrelas
Que te saudarão a majestade
Neste reino celeste.

Renato Oliveira
05/03/12

sábado, 3 de março de 2012

Fragmentos...

Tão iguais, sempre, as mesmas tardes...
E o mesmo vento de silência roçando a face
Trazendo fragmentos de um outro sol
Que não este, iluminando o eu que restou de nós...

Ergo as mãos e te busco por entre lembranças...
Meu gesto ansioso, abrupto, ao olhar desmancha
O olhar que, em abstrato, desenhava teu rosto
E os sonhos se dispersam e se perdem nesse abandono.

E és tão perto e tão distante! Te sinto
No tempo que é em mim o terem sido
Todas as horas sempre a mesma hora: aquela
Em que eras, no meu céu, todas as estrelas...

Renato Oliveira
03/03/12

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Uma canção para...

Uma canção para...
Tênue, roçando sonhos,
Um mar distante se me desdobra,
E vem aos teus pés beijar a rosa
Que te ofereço. No anteluar das horas
Dessa espera infinda e incerta,
Beijo teu gesto ao tomá-la
E levá-la aos lábios como quem chora.

Uma canção para...
Me chega uma vaga saudade
Que já não sei do que é
-Do que foi? Do que ainda será?
Quedo-me ao silêncio da tarde
No imperfeito sabor de te saber distante,
E tua sombra adiante dos meus pés...

Renato Oliveira.

É preciso amar...

É preciso amar...
E eu amo...
É preciso sorrir...
E eu sorrio...
Mas se for preciso chorar,
Eu quero um motivo;
E se for preciso partir,
Eu quero um caminho.
Mas se for preciso voltar,
Eu quero braços que me abracem,
Um sorriso que me sorria
E um amor que me ame...

Renato Oliveira

Vem, anjo de luz...

Vem agora, anjo de luz celestial,
E busca-me aos teus domínios do amor,
Onde sei que irei encontrar a paz
E o descanso de minhas batalhas carnais.
Vê. Meu corpo reclama teu calor,
Minhas mãos anseiam por teu corpo,
Minha voz, trêmula, te evoca em cantos de paixão.
Vem, minha linda amada de sublime veu,
Vem e me faz parte de ti.

Renato Oliveira

O amor diz que sim...

O amor diz que sim;
A razão diz que não.
Se eu quero
E tu também queres,
Então, por que não?
Se nos sobram amores
E nos faltam pudores,
Esqueçamos a razão...

Renato Oliveira

Quando chegar a hora...

Quando chegar a hora,
Te lembrarás da história
Que um dia te contei.
E se lembrares do meu olhar,
Olha bem no fundo dele
E verás nele refletido, o amor,
Verdade que não revelei.

Renato Oliveira

Me aguçam sonhos...

Me aguçam sonhos que não consigo decifrar...
Medos... Muitos medos me rondam.
Medo de perder teus caminhos;
Medo de me perder na tua ausência;
Medo de que à ti te bastem,
Tão somente, nossas lembranças.
Medo de ver desabarem minhas crenças...

O coração vai, aos poucos, se desfazendo
Num palpitar sem razão de ser
No lento abandono em que se vê.
Perder tudo que se ama
E sentir as tristes esperanças
Não passarem de poeira
Erguida no deserto da alma.

Renato Oliveira

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Releio em silêncio e só...

Releio, em silêncio e só,
As cartas que de ti recebi.
Sim, eu as tenho aqui
Em meio à esse pó
Que assoma todo abandono.

E a saudade, de um jeito manso,
Corta-me a alma e cintila
Nos olhos e no rosto,
Lágrima triste que oscila
Entre o desânimo e o desencanto.

Dos versos desse amor sublimado,
Versos que, em vão, te procuram
No seu querer mais sagrado,
Minhas palavras retornam
Como peregrinos cansados...

Renato Oliveira