As horas me abraçam
Para que eu não as veja passar...
E também não veja esvoaçar
Esse pássaro de sonho
Que sai do teu corpo,
E vem, lenta tentação,
Envolver meu corpo
Em tuas carícias sem tato e sem olhar...
Renato Oliveira
19/03/12
Faço da minha vida um barco...
As velas, lembranças flanadas,
Navegam em saudades
Através de todas as idades
Que me foram dadas
Viver. E eu ainda vivo...
Faço da minha alma um pássaro
Às margens de um rio pousado.
As águas mansas carregam
A melodia em que se fizeram
Todos os sonhos, sonhados
Ou não. E eu ainda vivo...
Banho meu coração na clara
Manhã dos dias feito dessa paz
Que envolve teu lembrar.
Chegas, assim, bem devagar,
Na serenidade que me faz
Viver. E seguirei na minha seara...
Renato Oliveira
19/03/12
Hoje somosApenas o que somos.Sombras distantesQue vivem o presente,Esquecidos do passadoE de tudo que fomos.Olha nos meus olhos.Aqui, nesse silêncio,Só o sentimentoÉ testemunha do viverAssim como vivemos:Almas leves como o sonhoQue nos levaPor onde nos leva o amor.Renato Oliveira
Ciranda, cirandinha,Onde está o meu amor?Disse um verso bem bonito,Saiu da roda e não voltou.Agora entro na rodaE meu verso vou dizer:A ciranda deu meia volta,Na volta e meia perdi voce.Ciranda, cirandinha,Vamos voltar a cirandar.Talvez na volta da cirandaPossa meu amor encontrar.Renato Oliveira
É um nome,
Uma flor,
É mulher.
Dos seus filhos,
Do seu homem.
É o amor
Em dom de magia,
Quando se quer.
É o tom da alegria,
É o raio, é o brilho
Do sol e da lua,
É o vento e a chuva,
É a casa nunca vazia...
Mulher...
É um nome,
Uma flor,
Uma prece
De amor.
Renato Oliveira
08/03/12
Uma bela mulher...
O amor que acontece,
A vida que se embaralha
E o sonho que adoece.
A noite que não desperta,
O dia que não finda.
Tanta coisa para dizer
E as palavras são nadas,
Um mudismo de tremer,
Feito criança traquina
Mentindo uma arte qualquer.
Uma bela mulher...
Que se quer por amor,
Por desejo ou puro tesão,
Inferno que acontece
E se perde toda razão.
A noite que não chega
Para acabar logo esse dia
E se deixar adormecer
Em meio à longa agonia
Dos pesadêlos de se ver
Descoberto
Em um segredo tão protegido.
Renato Oliveira
08/03/12
Rolando pela vida afora,
Ao sabor dos tempos e dos ventos,
Vou-me vivendo e debatendo,
Morrendo e renascendo.
À cada morte, o fim
De uma esperança perdida;
À cada renascer, a alegria
Fúnebre de uma nova vida.
E vou-me rolando na existência,
Feito pedaço de pau na enxurrada
Carregado.
Sem eira, nem beira, sem destino.
Só desatino.
Sem fé, amor e crença.
Apenas um corpo, nada mais,
Que nesse mundo despenca.
Renato Oliveira
Por um tapete de nuvens claras,
Iluminado aos raios de luar,
Passeamos em nossas madrugadas
No azul do céu.
E, nos limites do infinito,
Lá bem distante,
Longe de olhos profanos
Plantei jardins coloridos,
Campos de girassóis,
Que irão formar teu arco-íris,
Chuva de ouro e prata
No brilho das estrelas
Que te saudarão a majestade
Neste reino celeste.
05/03/12
Tão iguais, sempre, as mesmas tardes...
E o mesmo vento de silência roçando a face
Trazendo fragmentos de um outro sol
Que não este, iluminando o eu que restou de nós...
Ergo as mãos e te busco por entre lembranças...
Meu gesto ansioso, abrupto, ao olhar desmancha
O olhar que, em abstrato, desenhava teu rosto
E os sonhos se dispersam e se perdem nesse abandono.
E és tão perto e tão distante! Te sinto
No tempo que é em mim o terem sido
Todas as horas sempre a mesma hora: aquela
Em que eras, no meu céu, todas as estrelas...
Renato Oliveira
03/03/12