sábado, 8 de dezembro de 2018

O tempo é apenas um...


O tempo é apenas um...

Mas, vamos surgindo, um após outro, em nosso próprio ciclo. Como se estivéssemos escrevendo um livro a múltiplas mãos. Alguns estão no princípio da história; outros, em seu último capítulo, faltando, simplesmente, registrar “FIM”.

O tempo é apenas um...

Assim, vamos criando muitas vidas. Em torno dos que nos cercam. No entorno de nós mesmos.
Famílias que se erguem, não só aquelas com as mesmas raízes. Por crenças, afinidades. Amigos, amizades que perduram mais do que a própria vida, contida no breve hiato do existir dentro do mesmo capítulo de nossa história de perene eternidade.

O tempo é apenas um...

Há o momento de sorrir e de chorar; de brincar e dançar na chuva; de abrigar nos braços e no coração, quem se julga desamparado e perdido.
Há o momento de crer, descrer, de blasfemar. De se arrepender, de voltar a crer e se entregar.
E há, finalmente, o instante de compreender que somos, todos, filhos do mesmo Sol, e trazemos em nós os brilhos e as luzes de uma mesma Aurora.

O tempo é apenas um...

Renato Oliveira


Inundo-me dessa voz...


Inundo-me dessa voz, entre o que vivo
E o viver que corre ao meu lado,
Distante das primaveras que sei existindo
Através do olhar, que busca os sonhos tão cedo apartados.

Mas, se os sonhos se fazem distantes e ausentes,
Ainda assim, busco um sentido em tudo.
Reacendo minhas sensações, e o deserto se faz lá fora.
Tudo em mim é vida, vida de todo o sempre
Iluminando o vazio de todas as horas.
Nos meus cansados passos, florescem almas ao abandono...
Sou, dos meus erros, o único escravo, meu único dono...



Renato Oliveira

domingo, 2 de dezembro de 2018

Semeador de sonhos...


Sou um semeador de sonhos.
O campo onde os cultivo chama-se alma.
E semeio sonhos como quem semeia orquídeas, rosas, dálias,
Espalhando o olhar sobre a natureza.
E a natureza é o seu olhar, que não se sabe natureza.

Cada sonho nasceu – e nasce ainda - em cada infância que tenho.
Todas as idades têm sua infância.
Todas as idades têm maturidade.
Todas as idades envelhecem sós.

Fico triste quando o dia se vai
Porque perco a claridade das coisas que me cercam.
É como se morresse todo eu que sou.
Mas ainda me toco, me sinto sendo sempre eu.
E me vem o medo de dormir sonos vazios.

Não, a vida não é um engano e nenhum sonho é em vão.
Nos sonhos, torno real o que a realidade me toma
E o consciente desfaz.
Nos sonhos, saudade e lembrança dão-se as mãos
Em busca da esperança perdida no velho barco da infância.
E lá, encontro meu Espírito, princípio de todo princípio,
Que também se busca trilhando caminhos já percorridos,
Em todos os erros do que fui e em tudo que ainda sou.
Mas, o que será do que ainda serei?

Sou um semeador de sonhos
Mesmo daqueles que, sei, irão me deixar ainda virgens,
Sem tempo de serem experimentados como bons ou ruins.
Eu os solto pelo tempo, procurando mundos aonde os sonhos ainda não chegaram.
Quem sabe não serão realidades a quem os venham buscar,
Por falta de sonhos próprios?

Sou um semeador de sonhos...

Renato Oliveira

sábado, 1 de dezembro de 2018

Maria Helena...


Meu olhar fez-se ao mundo...
A tua fronte dourou-se aos raios do sol
Reluzindo no crepúsculo.
Imensas se tornaram as distâncias sob o mesmo céu,
Abrindo-se e encobrindo, do viajante, o vulto.

Horas inquietas se fizeram...
Esquecido dos olhares, abraços e sorrisos,
Lancei-me, qual anjo exilado, ao desconhecido.
E o saber-te, e saber que em ti permaneceram
Nossas vidas, em mim vagas lembranças,
Arde minha alma nessa estrada sem fim...

Renato Oliveira