domingo, 2 de dezembro de 2018

Semeador de sonhos...


Sou um semeador de sonhos.
O campo onde os cultivo chama-se alma.
E semeio sonhos como quem semeia orquídeas, rosas, dálias,
Espalhando o olhar sobre a natureza.
E a natureza é o seu olhar, que não se sabe natureza.

Cada sonho nasceu – e nasce ainda - em cada infância que tenho.
Todas as idades têm sua infância.
Todas as idades têm maturidade.
Todas as idades envelhecem sós.

Fico triste quando o dia se vai
Porque perco a claridade das coisas que me cercam.
É como se morresse todo eu que sou.
Mas ainda me toco, me sinto sendo sempre eu.
E me vem o medo de dormir sonos vazios.

Não, a vida não é um engano e nenhum sonho é em vão.
Nos sonhos, torno real o que a realidade me toma
E o consciente desfaz.
Nos sonhos, saudade e lembrança dão-se as mãos
Em busca da esperança perdida no velho barco da infância.
E lá, encontro meu Espírito, princípio de todo princípio,
Que também se busca trilhando caminhos já percorridos,
Em todos os erros do que fui e em tudo que ainda sou.
Mas, o que será do que ainda serei?

Sou um semeador de sonhos
Mesmo daqueles que, sei, irão me deixar ainda virgens,
Sem tempo de serem experimentados como bons ou ruins.
Eu os solto pelo tempo, procurando mundos aonde os sonhos ainda não chegaram.
Quem sabe não serão realidades a quem os venham buscar,
Por falta de sonhos próprios?

Sou um semeador de sonhos...

Renato Oliveira

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