Sou um semeador de sonhos.
O campo onde os cultivo chama-se alma.
E semeio sonhos como quem semeia
orquídeas, rosas, dálias,
Espalhando o olhar sobre a natureza.
E a natureza é o seu olhar, que não se
sabe natureza.
Cada sonho nasceu – e nasce ainda - em
cada infância que tenho.
Todas as idades têm sua infância.
Todas as idades têm maturidade.
Todas as idades envelhecem sós.
Fico triste quando o dia se vai
Porque perco a claridade das coisas que
me cercam.
É como se morresse todo eu que sou.
Mas ainda me toco, me sinto sendo sempre
eu.
E me vem o medo de dormir sonos vazios.
Não, a vida não é um engano e nenhum
sonho é em vão.
Nos sonhos, torno real o que a realidade
me toma
E o consciente desfaz.
Nos sonhos, saudade e lembrança dão-se
as mãos
Em busca da esperança perdida no velho
barco da infância.
E lá, encontro meu Espírito, princípio
de todo princípio,
Que também se busca trilhando caminhos
já percorridos,
Em todos os erros do que fui e em tudo
que ainda sou.
Mas, o que será do que ainda serei?
Sou um semeador de sonhos
Mesmo daqueles que, sei, irão me deixar
ainda virgens,
Sem tempo de serem experimentados como
bons ou ruins.
Eu os solto pelo tempo, procurando
mundos aonde os sonhos ainda não chegaram.
Quem sabe não serão realidades a quem os
venham buscar,
Por falta de sonhos próprios?
Sou um semeador de sonhos...
Renato
Oliveira
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