domingo, 19 de abril de 2020

Carícias...


Carícias...

Quantas delas recebes durante teu dia, sem mesmo que percebas...
Elas te chegam suavemente no ar que respiras, no sol que te aquece, na chuva que limpa os caminhos por onde passas.
Elas te chegam naquelas nuvens que nem percebes existir no céu que emoldura teu viver, no voo suave e graciosos das aves que enfeitam o espaço celeste.
Elas te chegam por mãos etéreas, em tácitos acordos da entrega calma e doce do teu sonhar.
Elas te chegam por palavras sussurradas ao vento, silentes, quentes, faladas à tua alma.
Elas te chegam nos acordes da canção que canta o amor, mesmo que ausente.
Elas te chegam para mostrar que longe é um lugar que não existe.
Elas te chegam para dizer que, mesmo que a vida assim queira, não haverá barreiras capazes de impedir o encontro, mesmo que de almas e sentimentos.
Elas te chegam no momento do amor, na simbiose dos afetos comuns.
Seja em um abraço, seja em um beijo de ternura, seja em um sonho sonhado a dois.
Que seja um sonho, afinal, mas um sonho que nos envolva com todo encantamento da realidade.

Renato Oliveira

A flor de cala...


A flor de cala
Guarda as queixas silenciosas,
As dores não reclamadas
E os sentimentos mudos
Vividos nos caminhos do nada...

Renato Oliveira


sexta-feira, 17 de abril de 2020

Girândola de cores...


É um menininho diferente,
Diferente de todos os outros meninos.
Vive sorrindo, sempre contente,
Vive contente, sempre sorrindo.

E tudo nele é colorido, como se, de gala,
Sempre vestido estivesse.
E, espanto!, até mesmo sua fala
De muitas cores se veste.

Se ele fala do sol, de seu brilho,
De sua boca, a dançar, o amarelo sai,
Em letras errantes como andarilho,
Que, abraçado ao vento, se vai.

Quando, então, ele do céu alguma
Coisa diz, é de azul que sua boca se pinta,
Como se, numa travessura,
Mergulhasse em um balde de tinta.

Ah! Mas, quando ele diz - olha o verde!
Cada letra parece até uma alface,
Sendo cada folha uma face
Daquele molhe de verdura verde.

E assim acontece com todas as cores,
Quando, uma a uma, ele as diz.
Ou ele é um jardim de muitas flores,
Ou, então, engoliu o arco-íris.

Mas há uma de que ele gosta muito mais.
Parece invisível, poucos a veem;
É o branco que lhe inunda de paz,
E faz todas as outras viverem.
Renato Oliveira

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Amo...

Amo.
Amo esse amor que se dá
Por querer se dar,
Sem temer, sem pensar
No amanhã que virá
E no que possa trazer

Amo.
Amo esse amor que se dá
Sem os extremos da paixão,
Mas entrega o coração
Em doce prazer de amar
E o amor, docemente, viver.

Amo.
Amo esse amor que se dá
Esquecido das dores e das mágoas,
Que em meus braços deságua
A tranquilidade desse mar
De amor que tens a oferecer.

Amo.
Amo esse amor que se dá,
Amo esse amor que me tem,
Amo esse amor que me vem
Do teu viver, do meu sonhar,
Mesmo que seja sem querer
Amar...


Renato Oliveira

Mensagem para Ana Sofia...


Para você, menina, uma palavra amiga. 


Não se trata de uma “conclamação aos jovens”, ou coisa que o valha. É, apenas, algo ditado pelo coração, para quem tem um grande coração.

Sei, e sabemos todos, que viver é uma arte. É preciso mais do que a simples formação acadêmica, do ensino clássico das ciências.

Preciso é trazer no coração a semente do amor, da bondade e do desprendimento.

E, por natureza própria, conhecer a natureza humana, suas incoerências e incertezas, suas falhas e acertos, perdoando e aceitando as pessoas como são.

É saber que as dúvidas existem justamente para nos ensinar a discernir sobre o certo ou errado.

É doar-se a quem necessita de amparo; é abdicar, quando esta renúncia significar a felicidade para outras pessoas.

É lutar pelos seus ideais, cuidando que nesta luta ninguém saia ferido.

É sentir-se livre para chorar e sofrer por aqueles a quem se ama.

É cultivar os sonhos, e, se possível, faze-los reais

E é nesta fase da tua vida que te digo: sonha, menina, sonha teus sonhos de criança, assim como um dia eu já o fiz. Pois que neste mundo onde os homens se debatem em busca de um caminho único e definitivo, onde o longe é perto e o perto é longe, o que vale é o sonho.



Rio, 1983.

Renato Oliveira