quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Guarda-me...

 Guarda-me... guarda-me em teu coração. Sou suave, leve, não ocupo espaço.

Guarda-me... guarda-me no brilho dos teus olhos. Prometo não ofuscá-los, não me tornar um véu a nublar teu olhar.

Guarda-me... guarda-me no teu sorriso. Não apenas num cantinho, mas, no teu sorriso inteiro.

Guarda-me... guarda-me em ti...

E, em cada tua palavra de ânimo e aconchego, lançada ao teu irmão, lá estarei, para dar-lhe vida.

Em cada gesto teu em favor do teu irmão, na caridade e piedade fraterna, lá estarei, para dar-lhe verdade.

Em cada teu olhar de indulgência, perdão e altruísmo, lá estarei para dar-lhe a luz da vida.

Guarda-me... guarda-me em ti, e serei teus caminhos de paz e esperança, harmonia e mansuetude.

Guarda-me em ti. Eu sou o Amor, o amor ensinado e demonstrado pelo Cristo, o amor que não vive, apenas, nos ciclos humanos, mas, na própria eternidade do tempo.

Guarda-me em ti. E faz de mim a ponte para o todo sempre no coração do Eterno.


Renato Oliveira


Cores de Setembro...

 

Mais um mês se foi.

Agosto... Mês dos ventos vadios e errentos, convidando folhas e poeira para dançarem a música da vida, que se faz no ventre das sementes escondidas no aconchego das terras úmidas, berço natural da natureza, que se recolhe na gestação do esplendor de cores e luzes da primavera.

 Agosto... O gosto sonolento da hibernação que se faz ao assobio dos ventos cantantes ao redor dos passos, escassos, das janelas que se abrem tímidas, temerosas do frio que lhes pode invadir. O corpo. A alma.

 Agosto... Berço do setembro que se avizinha, que já se alinha no horizonte em sóis de cores mais vivas e límpidas. Prepara o parto dos amores que explodem no desabrochar de flores e frutos. Ciclos... Um após outro... E te encontro. E nos encontramos. E a vida se faz mais vida.

Renato Oliveira

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Uma gota...

Uma gota de orvalho caída,
Solta, no bico de um bem-te-vi,
Vem despertar a vida
que dorme assustada
Nos sonhos de um guri.

O canto de um sabiá
No alto do jacarandá,
Desperta a manhã bordada
Por teus risos e sorrisos
Em um olhar cristalino.

E do "era uma vez",
Para um todo sempre,
Uma história se fez.
Não sei se num repente,

Ou se era um presente,
Pelo tempo, em segredo
Guardado com todo esmero,
Dádiva de luz e enlevo.

Renato Oliveira