sábado, 27 de fevereiro de 2010

Meu menino...

Ele está ali,
Debaixo daqueles olhinhos,
sorrindo para mim,
o meu menino...

Ele está ali
Ou, então, mais além,
Mas eu sei
Que é o meu menino...

Um dia, ele resolveu
Brincar e me enganou.
Não brincou de amarelinha,
Nem pique-esconde, nem de sorte.
Ele brincou de morte
E me enganou.

Mas eu sei que ele está por aí,
Escondido atrás destes olhinhos
Quem me olham assustados,
O meu menino...

Será que ninguém viu
Por onde ele foi?
Mas eu não desisto.
Vou continuar a procurar
Por trás de tantos meninos,
Onde está o meu menino...

Renato Oliveira

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Mudanças...

Perceber a mudança do tempo
Sem que o tempo perceba
As mudanças que me fiz.
Assim, penso enganar a vida
Sem tentar enganar a mim..

Deixa que te acompanhe...

Deixa que te acompanhe
Por tuas andanças neste mundo.
Não temas por mim;
Eu já nasci um vagabundo...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O amor diz que sim...

O amor diz que sim,
A razão diz que não.
Mas se eu quero
E tu também queres,
Porque não?
Se nos sobram amores
E nos faltam pudores,
Esqueçamos a razão.

Renato Oliveira

Quando...

Quando tua boca veio à minha
Eu a senti (não pela primeira vez)
Como se já a houvera beijado.
Porque reconheço nesse beijo
O mesmo que me há percorrido
O corpo em tempos de outros tempos?

Quando tuas mãos tocaram meu rosto
E em minha boca se detiveram,
Porque as senti
Como se já me houvessem tocado
E provocado a erupção secreta
De todos os sonhos por muito guardados?

E tua boca e tuas mãos cruzaram meu corpo,
Descansaram sobre o meu peito,
Refazendo a vida de todo o sempre.

Renato Oliveira

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Linda Cigana...


Linda cigana, que gira,
Livre, em noite de luar,
Ao som do violino que espalha,
Aos quatro ventos, a magia do teu bailar.

Linda cigana, toda luzes e cores,
Tu és a única, entre muitas, a dançar.
És, em ti mesmo, a festa, teus amores;
Tua luz, a todos, consegue iluminar.

Linda cigana, saia de intenso vermelho,
Colhestes nos ventos a liberdade,
Que se mostra no olhar astuto e matreiro,

Onde guardas todas as vidas, todas as idades
De quem se conhece eterna e eternidade.
Linda cigana, por que não me dizes teu nome?

Renato Oliveira

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Uma mulher espera por mim...

Uma mulher espera por mim...
Vem, amada, que te quero...
Deixa minhas mãos, num tato errante,
Te livrar de todas as vestes...
Quero o mistério por elas encoberto,
O corpo que dentre elas se esconde.
Deixa que minhas mãos te percorram
O corpo inteiro. Os cabelos, os seios, o ventre,
Teu sexo emplumado e quente.
Minha mão te descobre, por trás e frente,
E minha boca procura e sente
O gosto do teu gozo que me inunda de paz.
Vem, amada, que te quero, depois do amor,
O teu corpo no meu corpo, em sereno repouso...


Renato Oliveira

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Caminhos, luz, vida...

Caminhos, luz, vida...
Por onde encontrar a vida,
Que caminhos terá a luz que me guia?
Terá essa luz a cor que preciso?

Qualquer caminho, meu Pai,
Qualquer caminho...
Não me deixe aqui, perdido, esquecido,
Que também sou vida da tua vida.

Qualquer caminho, meu Pai,
Qualquer caminho que me tire deste desespero,
Que me alivie de todas estas aflições.

De-me um caminho, para que possa percorre-lo
por inteiro, com minhas fraquezas e meus medos.

Qualquer caminho, meu Pai, qualquer caminho...

Renato Oliveira

Trazes nas mãos...

Trazes nas mãos as marcas do teu tempo,
Nos olhos a desesperança de quem não teve amor.
Tua vida perdida ficou pelos campos , aos ventos
Atirada, qual as sementes que tanto semeastes.
Estas germinaram; da tua semente, nada brotou.

Busca na solidão da ausência, a razão maior da tua presença
Nesta vida. Querias ser fonte de luz
Iluminando caminhos e trilhas
Por onde passariam teus filhos
E os filhos dos teus filhos também passariam.

Da tua luz, no entanto, um único brilho
Que surgiu feito um relâmpago,
Clarão que se foi tão de repente,
Como se fosse uma estrela cadente,
Riscando o céu da tua esperança.

Renato Oliveira