Eu da vida nada mais quero,
Que de ti não venha.
Um sorriso, um olhar, uma palavra terna.
Eu da vida nada mais espero,
Que não tua presença tecendo minhas manhãs,
Luminosidade que clareia os caminhos Que me chegam além do crepúsculo.
Eu da vida nada mais sonho,
Que não meu pedido por ti aceito.
Que estejas em mim até os últimos momentos,
E que venhas me encontrar sobre esse leito, Num manto de nuvens estendido,
A minha voz, mesmo que em falsete, todo esse amor cantando...Renato Oliveira
Divide comigo
Teus passos e caminhos.
Quero, também,
Segui-los no silencio vazio.
Estou cansado dos silêncios
Carregados de interrogação.
Divide comigo
O vento que açula teus cabelos.
Quero, também,
Senti-lo nos meus pêlos.
Divide comigo
Teus dias de sol ou de chuva,
Tuas noites de lua ou escuras,
Todo teu mundo e todas tuas ruas.
Divide comigo
Teu olhar, teu riso,
(Quem sabe até tua boca?),
Teu nascer, tuas raízes.
Divide comigo...
Um amor.
Nem o último, nem o primeiro.
Apenas o amor. O derradeiro.
Divide comigo
Tudo isto que te peço.
Quem sabe assim
Eu consiga ser um meio-inteiro?Renato Oliveira
Minhas tralhas... Uma esperança capenga,
De tanto correr atrás de sonhos que se perderam...
Uma saudade tão antiga, que tem saudades
Do tempo em que era uma doce lembrança...
Ah! E também tem a cópia do meu coração.
Sim, aquele mesmo que um dia foi criança
E brincou de bem-me-quer e de romance
E descobriu que amar é que era importante.
E nunca mais brincou. Só amou...
Há, também, uns velhos sonhos surrados, desses
Que se têm quando não se tem consciência
Do quanto pode doer uma ausência
Não posso esquecer-me de falar das rosas
–pétalas secas de rosa chá e rosa amarela.
Estão entre as páginas em branco da história
Que não consegui escrever.
As páginas que ficaram em branco...
Um nome... Um sonho de amor...
Vou juntar as minhas tralhas – não todas, algumas delas
(Não cabem todas nesta mala). Fechar portas e janelas
E apagar todos os vestígios que, por descuido, tenha deixado
Em algum lugar. Vou levá-los comigo e não vou olhar para trás,
Para não me sentir tentado a ficar. O momento é agora, se faz
Necessário. O peso, nas mãos é leve – a mala é pequena,
Mas difícil de carregar...Renato Oliveira
Hoje, deixei minha alma voar, livre...
No meu olhar, todos os rumos
E caminhos silenciosos.
No silêncio desse olhar, sinto meu coração,
Enquanto a espero voltar.
Mesmo na ausência, eu a sinto comigo.
A brisa do outono, num sussurro,
Me diz que ainda virá e trará
Essa voz que me chama,
A voz do amor...Renato Oliveira
Uma a uma, as vestes foram caindo...
Fez-se nua a flor em minhas mãos
Eu a tenho, agora, na mais pura nudez
E meus olhos a descobrem na intimidade
Dos encantos, antes encobertos, à libido
Oferecidos. Possuí-la... Quem me dera!
De tanto amor, é ela que me tem...Renato Oliveira
Não quero voltar ao que por mim passou,
A tudo aquilo que já conheço.Nos meus caminhos de agora,Não quero e não vou olhar para trás.Eu quero é ter os passos e o olhar de uma criançaQue descobre o mundo, que descobre a cada momentoQue tudo que vê, jamais tinha visto.Eu quero ter esse olhar ainda incerto e aceso,Espreitando os dias que ainda virãoE irão despertar todos os sentidosQue por si só não se sabiam......Sem lembrar que o dia morre e a noiteFica em seu lugar...Renato Oliveira
Na ausência da amada, o amor dorme e sonha
Em nuvens de saudades...
O amor, quando saudoso, dorme em nuvens...
Minhas saudades estão dormindo nestas nuvens que te seguem.
E se a saudade dói, ele belisca as nuvens,
Que ficam rubras e choram.
O amor, quando sente saudades, dorme nas nuvens...
Renato Oliveira
Foram as mulheres as primeiras
A lavrar a terra que Deus criou.
E os alimentos colhidos da terra
Cozinham, fazendo a comida
Para alimentar os homens.
As mulheres cuidam dos homens
Quando ainda são crianças,
Quando ainda são meninos,
Quando ainda são jovens.
E cuidam dos homens quando estão velhos,
Prestes a morrer.
Elas têm os olhos que tudo vêem e a tudo notam,
Estão sempre por perto quando delas precisamos.
Mas, para muitos homens, são apenas...
...Mulheres...
E eu lamento por estes homens que nada sabem
Das...
...MULHERES...
Renato Oliveira