Em busca de novas pousadas,
Preparando o salto para o infinito,
A terra está morrendo...
A cada dia que olhe o céu,
Vejo um azul mais triste e mais cinzento.
A cada noite que olhe o céu,
Vejo uma lua que não brilha tanto
Quanto a luz que trás em si.
A terra está morrendo...
A flor, que um dia o poeta viu sorrir,
Não tem mais cor, nem perfume, nem sorriso;
Cobriu-a o manto negro das nuvens de Chernobyl.
O rio, que um dia o poeta ouviu cantar,
Não canta mais; chora, agora, triste lamento,
Afogado na poluição que lhe toma a água e o leito.
O sol, que aquecia as frias manhãs de inverno,
Agora é fogo queimando o ventre da terra,
Esturricando o chão, matando a semente.
Do verde que cobria as matas, os campos e os montes,
Pouco resta.
A terra massacrada, sem chuva, ressecada e doente,
Morre deserto.
A terra massacrada, ferida, rasgada, morre afogada
Nas águas que desabam sem dó de nuvens indomadas.
Do espaço, a exclamação comovente
De quem vive neste chão, é gente como a gente:
- A terra é azul!
... E a terra está morrendo...
Renato Oliveira, 12/86
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