sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Era uma OUTRA vez...



Era uma vez...
Um jovem que sonhou que podia ser feliz...

Alçou voos, conheceu terras, mas não encontrou a princesa que procurava.  Envolvido por poções de magia, casou-se sem saber mesmo o que fazia.

E quando, numa dessas tramas do destino, descobriu onde poderia encontrar o amor verdadeiro, viu-se, mais do que nunca, presa daqueles que o mantinham prisioneiro.

Viu brotar da sua semente, a mais viçosa das flores, que continha em si o brilho do sol, a suavidade lunar, e o perfume dos anjos.
Mas ceifadores maldosos envenenaram lentamente esta bela plantinha, a fizeram definhar por meses e meses a fio. E o jovem, então já não tão jovem, desvelou-se em cuidados sem sono, tentando fazer renascer a vida que abandonava aquela plantinha...
E assim passaram-se anos. O jovem já não tão jovem,  perdeu a voz, perdeu a vida, sem que a vida o perdesse.       
Vestiu o coração e alma de luto, defendia-se de tudo e de todos. E passou a ser o que nunca tinha sido. Apenas uma sombra de si mesmo..       
Julgaram-no perdido, dócil e manso servente das vontades alheias. E mais do que sofreu a gata borralheira, sofreu ele, porque ouvia o que diziam a seu respeito.
E faziam-no sentir-se o menor dos seres vivos, sem brilho, sem jaça, sem valor.
Mas um dia...
Um dia, algo mudou. Um brilho surgiu, não sabe de onde, nem quem havia mandado aquele brilho.
Vestiu-se novamente de vida, tomou do que era indispensável e ganhou o mundo, mas o mundo que o recebia de volta, que o abraçava como o filho pródigo que retornava....

Renato Oliveira

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Mergulhas em teu silêncio...



Mergulhas em teu silêncio
De vida e de alma,
E tudo que sei de ti, é tua ausência.
Resta-me, nesse nada,
A certeza que te amei,
Que te amo ainda.
E tua voz, suave e doce,
Ainda presente,
Me acariciando e me envolvendo,
Vai, aos poucos, tecendo
O nada que tenho a viver...

Renato Oliveira

Fecho os olhos...



Fecho os olhos... E a alma,
Envolta em doce canção,
Livre das amarras do corpo,
Voa leve ao teu encontro,
Por entre tantos sonhares...
Mas tu, que outros sonhos sonhas,
Que não aqueles que te ofereço?
Ah, amada de todas as horas!
Vem em tua suave graça,
Em toda tua ternura, me abraça
E que distante se faça
A hora do meu despertar.
Se em vida, real e por inteira,
Em mim jamais estás,
Deixa-me te ter assim,
Em noites de te sonhar...

Renato Oliveira

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Velha casa da infância...



Vou andando por ruas que não mais conheço.
 São, ainda, as mesmas, eu sei,
Onde por muitas vidas andei
E não esqueço.
Mas entristeceram, perderam a singela graça
De moça virgem que ostentavam.

Visito a velha casa da infância.
 Ainda está lá. Velha e abandonada,
Parece que dorme, com suas janelas fechadas
-olhos cerrados para a ausência e solidão-
das quais imagino ver correr uma lágrima.
Eu a sinto triste, como se houvesse nela toda saudade
–eu também a tenho- de um tempo em que éramos felizes.
A casa e nós, que a enchíamos de alegre vozerio,
Ou com o silêncio solene de uma perda.
 Paro diante dela e me vem a vontade gritar
“Eis-me aqui, velha casa, sou eu,  o teu menino,
 aquele que abrigaste enquanto crescia.
Voltei para te ver, reencontrar meus sonhos
E recomeçar a vida que ficou partida
Numa partida repentina.
Mas estamos perdidos e distantes.
Tu, de toda tua gente;
Eu, de todos os meus sonhos...
E me dá uma vontade imensa de chorar...

Renato Oliveira