terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Guardo um segredo...



Guardo um segredo que é só meu.
Vez ou outra, distraído, eu o deixo
Vir sentar-se nos meus lábios.
Acomoda-se preguiçosamente
E passamos a conversar, o segredo
E eu. E eu lhe conto dos meus sonhos,
Todos, desde aqueles sonhos criança
Até os sonhos adultos, já cansados
De tanto serem sonhados,
Mas que vivem no meu sono.
Meu segredo alimenta-se dos sonhos;
E cresce, cada dia mais difícil
Se faz contê-lo.  Quer escorregar,
Deixar-se correr livre, na liberdade
Dos que se sabem verdade
E precisam gritar aos quatro ventos
Que não podem ser segredos
O amor, o querer e o desejo.
Mas eu o detenho. Ele mora
Em mim, e aqui há de ficar,
Silenciosamente, a espera
Do momento de se mostrar.
Então, ele sorrirá feliz no meu sorriso
E dormirá na paz de te amar...

Renato Oliveira

Um comentário:

  1. Schopenhauer disse: “ Se não conto o meu segredo, ele é o meu prisioneiro. Se o deixo escapar, sou o prisioneiro dele. A árvore do silêncio dá os frutos da Paz ” Possuir as chaves da cela dos meus segredos não me tornam senhor e donos deles por inteiro, pois será necessário o ato permanente de vigiá-lo, para que eles não venham de alguma forma a fugir de dentro de mim. ( Um momento de fragilidade emocional, um segredo poderia aproveitar a oportunidade de escapar de meu controle, de minha cela interior).

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