Mais uma vez, meu sono parece ter ido passear
por mundos outros, que não em mim. E deixa-me a noite vazia como companheira.
Está ventando. Por vezes forte, depois um pouco mais calmo, o vento
vem passeando pela casa, trazendo um cheiro de saudade no ar. E, estranhamente,
espalha um perfume de presença, uma sensação de aconchego em braços que sei
existirem, mesmo que distantes.
Chega a dar um
arrepio gostoso na pele, como se fossem tuas mãos me tocando, como se fossem
teus lábios, leves, roçando em mim, suavemente.
Ouço, no
cantar do vento, a tua voz suave sussurrando uma canção. Voz de algodão doce,
cheia de ternura. Com aquele jeitinho que desperta toda emoção que se guarda e
se desdobra diante dessa tua presença etérea e tão concreta nos meus
sentimentos.
Leves, como um
sonho, ondulando por meus pensamentos, há um rosto, um olhar, e um sorriso.
Despertam-me ideias, ideais, desejos e fantasias nessa noite de horas lentas e
silenciosas, onde só a voz do vento se faz ouvir. E eu abraço esse espaço que é
teu por entre meus braços.
E lá se vão as
horas passando lentamente pelas escalas do tempo, enquanto espero o amanhecer,
bordado de cores e brilhos, colhidos no teu olhar, no teu sorriso.
Renato Oliveira.
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