terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Venta...

Venta... um vento que lembra
A suavidade de mãos roçando o rosto,
O corpo, um toque macio de seda 
Que precede o indizível gozo,
Sob o olhar indiscreto das estrelas,
Cúmplices silenciosas de uma noite de amor.

Venta... e no vento te sinto chegar...
Vens com os cabelos soltos,
E, na boca, brincando, um sorriso maroto,
E na tua voz de algodão doce,
Doces promessas para me encantar.

Venta... e tudo que este vento conta
Seja a realidade que me toma
E tanto me faz sonhar.

Renato Oliveira

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Guarda-me...

 Guarda-me... guarda-me em teu coração. Sou suave, leve, não ocupo espaço.

Guarda-me... guarda-me no brilho dos teus olhos. Prometo não ofuscá-los, não me tornar um véu a nublar teu olhar.

Guarda-me... guarda-me no teu sorriso. Não apenas num cantinho, mas, no teu sorriso inteiro.

Guarda-me... guarda-me em ti...

E, em cada tua palavra de ânimo e aconchego, lançada ao teu irmão, lá estarei, para dar-lhe vida.

Em cada gesto teu em favor do teu irmão, na caridade e piedade fraterna, lá estarei, para dar-lhe verdade.

Em cada teu olhar de indulgência, perdão e altruísmo, lá estarei para dar-lhe a luz da vida.

Guarda-me... guarda-me em ti, e serei teus caminhos de paz e esperança, harmonia e mansuetude.

Guarda-me em ti. Eu sou o Amor, o amor ensinado e demonstrado pelo Cristo, o amor que não vive, apenas, nos ciclos humanos, mas, na própria eternidade do tempo.

Guarda-me em ti. E faz de mim a ponte para o todo sempre no coração do Eterno.


Renato Oliveira


Cores de Setembro...

 

Mais um mês se foi.

Agosto... Mês dos ventos vadios e errentos, convidando folhas e poeira para dançarem a música da vida, que se faz no ventre das sementes escondidas no aconchego das terras úmidas, berço natural da natureza, que se recolhe na gestação do esplendor de cores e luzes da primavera.

 Agosto... O gosto sonolento da hibernação que se faz ao assobio dos ventos cantantes ao redor dos passos, escassos, das janelas que se abrem tímidas, temerosas do frio que lhes pode invadir. O corpo. A alma.

 Agosto... Berço do setembro que se avizinha, que já se alinha no horizonte em sóis de cores mais vivas e límpidas. Prepara o parto dos amores que explodem no desabrochar de flores e frutos. Ciclos... Um após outro... E te encontro. E nos encontramos. E a vida se faz mais vida.

Renato Oliveira

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Uma gota...

Uma gota de orvalho caída,
Solta, no bico de um bem-te-vi,
Vem despertar a vida
que dorme assustada
Nos sonhos de um guri.

O canto de um sabiá
No alto do jacarandá,
Desperta a manhã bordada
Por teus risos e sorrisos
Em um olhar cristalino.

E do "era uma vez",
Para um todo sempre,
Uma história se fez.
Não sei se num repente,

Ou se era um presente,
Pelo tempo, em segredo
Guardado com todo esmero,
Dádiva de luz e enlevo.

Renato Oliveira

domingo, 1 de agosto de 2021

Ausências...

 Ausências...

A cruz dos meus tormentos
Ergue-se na penumbra, em horas altas
De ausências contínua e constante.
E a chama, ainda que oculta,
Refaz-se na aliança partida,
perdida, na lente do espelho
Onde encontro, ainda,
O olhar que não mais vejo-
A realidade que já não és.

Em lentos e suaves passos,
Acariciados por brisas amenas,
A vida, em vida, nos meus braços
Esquece do momento passado,
Em busca da manhã serena
Nos brilhos virgens da aurora
Nas cores desse amanhecer encantado... 

Renato Oliveira


domingo, 28 de março de 2021

Tua voz...

Tua voz soa em serena canção,
Volitando entre o real e o desejo
Da encantada ternura de um beijo.

Degredados segredos em tua alma são,
Em mim, o silêncio, o vazio e o medo
Do encontro à tua alma nua... o desejo,
Percorrendo minhas entranhas, em vão;
Nos meus sonhos, tua perfeita perfeição.

Oração lançada ao infinito,
Ecoas no meu viver mais íntimo.
Te busco como andarilho cansado
Dos passos inúteis em seu fado.

E estás em mim, nos meus sentidos,
Na alma, no corpo, no coração contrito
Contido em suas volúpias de dar-se
ao manancial que esparge,
Do encanto do encontro, todos os aromas.

E, de mim, longe te encontras...
E me perco na minha sombra...

Renato Oliveira

 


domingo, 31 de janeiro de 2021

Breves brisas...

Breves brisas de enleios enlaçam quereres e desejos, 
Dos sonhos caídos e desnudos ao longo desse longo caminho 
Por onde, perdidos, vagam vagos ventos 
Dos tempos em que éramos, do amor, o ninho.

No brilho fugaz de distante estrela
Tua infindável impermanência permanece
Em ondas de luz e sombras, sinuosidades
Dos mistérios de secretos redutos do teu ser "eu".

E restam traços traçando passos incertos, dados
E revolvendo um esquecido passado, 
Passando através da lembrança estendida
Que quer se refazer história e vida

Por entre esperanças sonhadas,
Entre mares e nuvens navegadas,
Nesse tempo que não se perdeu
-Apenas em cores e brilhos se refez.

Renato Oliveira

 

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Do tudo...

Do tudo que me pensei,
Vejo que nada sou, e sei 
O todo em que me tornei.
De sonhar-me num desbordar
De raios entre sol e luar
Sou, de mim, a fênix de poeira estelar.

Renato Oliveira