Ando pelas ruas sem nada ver
E a verdade está sempre a minha frente.
Distante...
Meus olhos não tem mais vida, estão mortos.
Cegos. O que me guia é apenas o instinto
Em busca do que não me é dado conhecer.
Tudo à minha volta são meus sentidos,
Sentidos daquilo que penso ser a realidade,
Sentidos daquilo que penso ser eu...
De vez em quando, choro sem querer.
Serão as saudades de um tempo
Onde repousava a serenidade de um amor?
Renato Oliveira
Ser e saber de si...
Sem medo ou vergonha de ver o tempo passando,
Se os cabelos estão brancos ou rareando,
Mas ganhando do tempo, o tempo preciso
Para trazer no rosto, ainda, muitos sorrisos,
Daqueles que te façam um eterno menino
Travesso, sapeca, feliz...
Ser e saber de si...
É envelhecer com todo bem que se quis,
Tudo sabendo, mas sempre um aprendiz
No firme propósito de existir e acreditar
Na sabedoria que te permite galgar
Descobertas e experimentar prazeres,
Todos, todos aqueles que possas ter.
Ser e saber de si...
É saber envelhecer contando estrelas,
Não as possuindo, mas, à todas, te-las
Contidas nos olhos faiscantes e curiosos
De uma outra noite, noite que se repete
Em arte de luz e melodia celeste.
Ser e saber de si...
É saber que envelhecer é cantar,
Dançar, passear de mãos dadas
Com a felicidade e a vida que sonhou
(Teve? Não teve?), e guardou na fantasia,
Crescendo junto com todos os sonhos.
Ser e saber de si...
É saber que envelhecer é amar
O amor maduro que não exige - aceita,
Que nada impõe - apenas espera,
Que não se explica - se mostra...
É o beijo apaixonado por saber-se amor.
É saber do desejo, e da sabedoria de o saciar...
Ser e saber de si...
Ah! Saber de si é fazer
O envelhecer transformar-se em arte
De ser feliz por saber-se intenso,
E viver as emoções aos outros despercebidas,
É trazer no peito toda uma vida
E oferecê-la para quem segue adiante...
Renato Oliveira
Guarda em ti este amor que sentesImerso nas carícias de tua alma.Silenciosamente, recolhe-o e guarda-oEm teu coração. E teu sorriso, no silêncioLeve da tarde, é a paz que acalmaE as cores da vida plena de sol.Renato Oliveira
Por onde vou,Nem sei mais.Apenas me vouPor caminhos desiguaisQue hão de me levarÀ lugar nenhum.Apenas mais umA cruzar vidas,Sem ser, sem viver.Pois que, de onde venho,Também já não me sei...Renato Oliveira
No silêncio da noite,
Em silêncio de fostes.
Sem lágrimas ou despedidas,
De mãos dadas com Deus
Para uma nova vida.
Minhas angústias, guardadas,
Desabaram,
Mas as lágrimas, teimosas,
Não correram.
Não chorava, nada dizia,
Apenas sofria.
Sofria a dor de me sentir
Inútil diante do destino,
Impotente para a vida,
Incapaz de deter a morte.
Sofria sonhos destruídos,
Tantas lutas perdias,
Suplicava para ser forte.
Renato Oliveira
Só quem ama
Pode saber da saudade,
Desse vazio no peito,
Desse gosto amargo de solidão
No despertar de cada manhã.
Só quem ama
Pode chorar o amor ausente,
Sabe dessa dor ora sente
A sufocar o coração.
Só quem ama
E ao amor por inteiro se entrega,
Sabe da vida e da espera,
Do encanto em cada encontro,
Em cada momento de amar.
Renato Oliveira
Esgotam-se, em mim, as esperanças...
Desfaz-se em brumas o sonho...
Lentamente, tua ausência trás o vazio
Em que se debate a alma... Esse frio
Que agora me cobre, mostra-me uma dor
Que não pensava ser minha,
Que jamais se repetiria,
E me toma por inteiro...
Renato Oliveira
Meus sonhos tomam-se de asas
Um a um, seguem vôos incertos...
A vida se amarga,
Busco dentro peito
Todos os silêncios da alma,
Em ausências, dispersos.
E o amor, já cansado, no leito
Vazio ama saudades...
O vento, assoviando pelas frestas,
Vem roçar de leve esta saudade
E a dor da ausência mais se encrespa.
-Dá um nó na garganta olhar tua foto,
Alheia ao tempo e o passar das horas...
Renato Oliveira
Minha casinha, ao pé da serra,
Há muito tempo te espera
Para colher o amor que plantei.
Uma plantinha robusta,
De raízes bem profundas,
Plantada com todo carinho
No jardim do bem-querer.
Minha casinha também tem
Um jardim todo de beijos
E, em pequenos vasos,
Muitas mudas de abraços,
De paixão de desejos.
Tem um bosque todo enfeitado
De carícias e de afagos
E um caramanchão todo estrelado,
Onde cultivo as saudades,
Enquanto tu não vens...
Renato Oliveira