domingo, 5 de junho de 2011

Ao cair da tarde...

Ao cair da tarde, o sol se pondo por detrás das árvores, sento-me à frente de casa e lanço um olhar ao longo dos caminhos que trazem até aqui.
Estão em silêncio e vazios, como silenciosa e vazia é a vida feita de ausências e saudades.
Sirvo um mate. E o amargo também amarga os pensamentos que parecem me dizer, querem me fazer ver, que tudo e todos de mim estão sumindo, bem devagar e de mansinho como o fumo do cigarro desfazendo-se no ar.
Coisas dessa vida que é dona da gente, que arma e desarma destinos, sem perguntar se estamos de acordo.
Sorrio. Um sorriso melancólico, é verdade, no paralelo que ora traço quando lembro os tempos de menino.
Sim, daqueles tempos, quando criança sem limites, em algumas travessuras caía e provocava algum ferimento. Passados alguns dias, sentava à um canto qualquer da casa e começava a tirar a casquinha que se formara, bem devagarzinho, com cuidado, para não doer e não ferir outra vez. A cada dia um poquinho mais, até não restar nada, sinal nenhum.
Pois é.
Assim estou me sentindo. Como se a vida, com todo jeitinho, estivesse tentando tirar de mim todos que amo, com aquele mesmo cuidado para não doer, como eu fazia com aquelas casquinhas.
Mas não adianta. Dói, sim, dói muito. Pois que assim está me rasgando a alma, ferindo o coração, feridas que, sei, não irão desaparecer, nem cicatrizar.

Renato Oliveira

2 comentários:

  1. Feridas são feridas e sempre irão doer. Estão lá para jamais esquecer.E se um dia por um momento esquecer da dor as cicatrizes estão lá para relembrá-las.

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  2. 07/6/2011
    Boa noite, Renato
    Parabéns!

    Li esses os tres textos, me identifiquei mais com "Ao cair da tarde",comparei a distância entre as pessoas que se querem bem com o tirar as casquinhas de mansinho...Assim são as pessoas que surgem em nossas vidas, chegam estabelece-se uma nova amizade, o tempo vai passando e aquilo que antes era possível vai se esvaindo até que se distanciem de vez, deixando assim só as lembranças, mas o que seria de nós sem as estórias, não é mesmo? Muita Paz para voce e os seus.
    Leosete

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