quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Tu sempre me chegas assim...



Tu sempre me chegas assim, de repente,
- Inesperadamente-
Sempre na imprecisa hora de sentir-me só

Invades a penumbra do meu quarto
Onde teu rosto baila em ritmo incerto
Como se zombasse do meu riso cansado.

Inútil se faz o meu gesto...
Te percebo nas sensações do corpo lasso
Pelo teu corpo envolvido

Sentindo meu coração em descompasso,
Ao desejo do amor submetido.
Esqueço-me.  De mim. Dos meus intentos.

E as horas passam incertas, desertas.
Nem o roçar do teu corpo as despertam
Do suave torpor desse esquecimento.

Renato Oliveira

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Era uma vez... Escolhas...



Entre dar um nó, ou fazer um laço. O nó estrangula, o laço enfeita.
Entre palavras ou pensamentos. Palavras nos apontam, o pensamento acaricia.
Entre sonhos e realidade. O sonho liberta, a realidade aprisiona.
Tantas escolhas começam (começaram) e terminam (terminaram), mas nunca realizadas de fato.
Era uma vez...
Desfazer um nó e recomeçar o laço, concretizar pensamentos em palavras, aprisionar sonhos numa fria realidade...
Um sonho, um desenho de vida, uma aquarela que se pintava com todas as cores, as mais vivas e alegres que tínhamos à nossa disposição.
Era uma vez...
Aspirações, desejos, ideais, pensamentos que se dispersaram na necessidade de viver a vida que a sociedade, a sábia sociedade, sempre nos impõe como sendo a mais correta, diante de suas normas éticas e morais, isso, sim, o nó de uma pura hipocrisia.
E assim foram nos despindo de nossas fantasias, da magia dos sonhos, do encanto com que se buscava enlaçar a vida que era nossa.
Mas para os renitentes, para os “rebeldes”, restaram as palavras. Algumas palavras que jamais serão escritas, que escolhemos guardar dentro da alma; aquelas que só são ou serão escritas em segredo e que se manterão em segredo, longe dos olhos que as possam condenar. Para os rebeldes, permanecerão os laços a envolver todos os sonhos.
E assim passamos a existir. Numa dualidade que ninguém conseguirá vislumbrar plenamente.
Aquela existência real, só nossa, quando mergulhamos em nosso mundo, onde poucos, raros, tem a oportunidade de fazer parte.
Vivenciamos aquela do dia a dia, que se apresenta do jeito, da maneira, que todos esperam.
Tendo as reações que todos esperam. Tendo as respostas que todos esperam.
E assim passamos a nos vestir e despir de vida, conforme o momento nos imposto e de acordo com as necessidades. Vida cheia de nós, distantes das carícias de nossos pensamentos e sonhos. E aqueles que nos cercam jamais nos verão e conhecerão em nossa essência mais pura, de alma e coração.

Renato Oliveira

Venta agora...

Venta agora. Um vento chucro, desgarrado nas asas do tempo, ora para a direita, ora para a esquerda. Parece querer trazer-me algo ou, quem sabe?, arrastar-me à outras paragens.

Sabe aquele vento que parece um abraço que esperamos e que vem de quem tanto gostamos? Pois é deste vento que falo. Que deixa os cabelos em desalinho, como em desalinho ficam os namorados no ato do amor. Um vento que não é frio, é quente sem queimar, feito abraço dado não apenas com os braços, mas com todo o corpo, principalmente o coração.

E, no seu correr, vai rejuntando pedaços que se encontravam perdidos, esquecidos, esperando  serem recolhidos e transformados novamente naquele “eu” adormecido por alguns meses.

Sopra, vento, sopra mais. E mais. Vem, me refaz da vida que ainda sei existir, da qual não quero desistir.

Sopra, vento, sopra mais. E me arrasta por caminhos que sabes quais são. Ou me trazes quem espero com sofreguidão.

E o vento se vai, e o vento volta, mas ainda não te encontro.

Renato Oliveira

domingo, 30 de novembro de 2014

Fala-me de ti...

Fala-me dos teus sonhos
E te contarei dos meus amores.
Fala-me das tuas alegrias
E te contarei das minhas dores.

Conta-me das tuas esperanças
E te falarei sobre todos os caminhos
Percorridos em muitas andanças
De passos silenciosos e vazios.

Fala-me de ti...
Deixa que me vista dessa vida
Que te faz vibrar e só percebi
Agora, quando estás de partida.

Fala-me de ti...
Fala-me do nós que não fomos
E que jamais seremos.
Fala-me e deixa-me só...
Só... No meu letárgico sono...

Renato Oliveira

sábado, 29 de março de 2014

Saudade...



Saudade
É um momento no tempo parado,
É um despertar muito tarde
P'rá vida que já passou.

Saudade
É o avesso da vida,
É olhar por dentro a ferida
Deixada por quem partiu.

Saudade
É a dor que se canta,
Nos olhos a lágrima que dança,
Na esperança que nunca morreu.

Renato Oliveira

quarta-feira, 12 de março de 2014

As horas passam...



As horas passam...  Lentamente, vão me envolvendo na escuridão da noite que tudo encobre.
Aquieto-me. Silencio o coração e minha alma voa alçada pelos pensamentos que te buscam, pensamentos do menino que ainda sou e te gosta feito criança, que gosta sem perguntar, sem preocupação, até mesmo sem razão, do jeito mais puro e inocente.

Minha alma voa. Livre, sem asas, mergulha nas cores do arco-íris. E busca, também, a luz da lua e do sol, que coloriu de prata e dourado todos os sonhos com que te sonhei.
Mas o pensamento vai além. Retrocede no tempo e tenta refazer caminhos para saber onde me perdi de ti, e saber por que eu não estava onde pudesse te encontrar.
Talvez, se tivesse te encontrado antes, não trouxesse em mim tantas cicatrizes, e nem os medos causados por tantos desenganos.

As horas passam... Como se passaram os dias, os meses e os anos desde o primeiro encontro.
Mas ficarão saudades e lembranças, que hão de vencer todas as barreiras. Da distância, do silêncio, da ausência de nos dois.
Lembranças... Dos encontros de cada noite, das palavras trocadas, dos risos e confidências...
Saudade... Dos beijos, até mesmo daqueles não dados, do calor do corpo aquecendo a vida, da suavidade das mãos entrelaçadas no gozo maior desse amor.

Renato Oliveira