Passo a vida procurando
Os caminhos por onde andar
E sem querer vou ficando
Em lugares que não deveria estar.
E mais longos se fazem os caminhos
Quanto mais o cansaço me toma.
Em meio à multidão vou sozinho,
Não me segue nem minha sombra.
Mas haverá dia em que me veja
Pelos caminhos da vida perdido,
Em meio a trilhas do desconhecido,
Implorando um socorro qualquer.
E dessa solidão, de mansinho,
Surge a luz, em forma de mulher...Renato Oliveira
Passarei. Isso já estava escrito
Antes mesmo de eu nascer.
Eu passarei como todos passarão.
Mas quero guardar para mim
A dor, o desprazer, de chorar a todos.
Não se trata de egoísmo,
Mas de uma forma de carinho.
Não quero que ninguém me chore,
Pois acho que não mereço tal pranto.
Reservo-me, pois, o direito
De esperá-los partir, para contar
Com um cortejo que me aguarde
Quando chegar a minha vez.
Mas, talvez, seja egoísmo sim
Ou, então, o medo da morte
Que procuro disfarçar
Com esta falsa afirmação
De não querer fazê-los chorar,
Coisa que não sei se irá acontecer.
De qualquer forma, acreditem,
Realmente eu não faria nada
Que maltratasse ou magoasse
O coração de quem me quer bem.Renato Oliveira
Eu te amo...
No amanhecer de cada dia,
Onde encontro a luz que irradias
E ilumina meu viver.
Eu te amo...
No entardecer de cada dia,
Onde encontro a paz e a poesia
Do teu amor a me envolver.
Eu te amo...
Nas horas longas das madrugadas vazias
Onde o sonho de te amar alivia
Toda angústia que a vida possa trazer.
Eu te amo, enfim...
Porque és o amor em mim,
Porque me fazes renascer
A cada instante, em ti...Renato Oliveira
Ao ver, aos poucos, todos se despedindo
E na casa imperando o vazio e o silencio,
Mais concreta se torna a idéia de ausência
E solidão. Ao passar do tempo vão caindo
Os laços que entrelaçam as existências,
Rompidos pelas barreiras criadas pela distancia.
É o nada que parece tomar sentido,
Envolvendo a vida e o tempo. Estagnação.
Sem tempo e sem vida. Solidão.Renato Oliveira
Quem da vida esquece a cor
E da esperança o carinho,
É rio que corre fingidor
Por águas em torvelinho
E mergulha com furor
Sobre as pás de um moinho.
Pequenas vagas de rancor
Ajudam a rodar o moinho
Que alimenta tua dor
Enquanto segues teu caminho.
E o amor, teu mar maior,
Faz-se revolto redemoinho
Sugando para teu interior
As mágoas do ser sozinho.
E buscas encontrar o sabor
Que te devolva ao velho ninho,
Em meio ao que te restouEntre rosas e espinhos.Renato Oliveira
Passageiros do tempo,
Cruzamos os séculos
Tropeçando nas horas.
E a vida? E a Fé?
Brilham insistentes,
Nos corações indiferentes,
Pobres senhoras...Renato Oliveira
Porque nos teus braçosCarregas a vidaE na alma esta triste feridaPor saudades de quem não tens?Porque não trocas pelo avessoA vida que não tens na almaE deixa crescer o desejo,Nos olhos chama perdida?Porque não vestes a almaCom a vida que carregas nos braçosE deixa escapar entre os dedosA saudade que te faz tão doída?Renato Oliveira
Eu, caçador de sonhos,Que procuro nuvensOnde repousem ,serenos, Eros e Afrodite,Me desfaço em pedaçosDe mil faces de um serQue não consegue serNada mais além do que um simples mortal.Carne pela carne gerada,Pela vida degenerada,Indiferente ao espíritoQue lhe move os sentidosE os sentimentos.Eu, caçador de sonhos,Me refaço em caçaDe mim mesmo,Fugas do que me sei(O real que a natureza criou),Em busca do que me imaginei(O irreal de quem sonhou).Renato Oliveira
Chove. E apenas teu mudo retrato
Na parede, olhos fixos em direção à porta,
Sorriso de Madona, parece ter vida
Em meio ao silêncio e o vazio da casa.
A chuva batendo nos vidros da janela,
No rádio uma canção que canta saudades,
Tudo isto me trás lembranças tuas.
E sonho. Diante da janela, olhando a rua,
O pensamento se perde e flutua
Em busca de todos os momentos
Em que estiveste junto a mim.
E tão real é a idéia da tua presença
Que sinto teu corpo rente ao meu,
O calor da tua boca, o carinho dos teus braços.
Tento te tocar e desfaz-se tua imagem,
Miragem pelo desejo do amor criada.
E não te vendo, desfaz-se, então, a ilusão
E nem a mim me sinto.
Chove. E, na parede, teu mudo retrato,
Sorriso de Madona, parece zombar de mim...Renato Oliveira
Tu nasceste da minha poesia,
Te fizeste realidade em meus sonhos,
Enquanto aquecias minhas noites
E colorias meus dias
Com as cores da esperança.
Te criei em verso e prosa,
Te criei amor-criança.
As cores do arco-íris
Eram teus passos na minha eternidade.
Da poesia ao sonho, do sonho à realidade,
Desgastou-me o tempo perdido
Em esculpir meu sonho,
A espera que essa poesia
Viesse ao meu encontro
Nos teus braços estendidos,
Prontos a me receber,
Que já não tenho mais vida.
Só um crepúsculo, não tão colorido,
De um resto de existência.
Um pouco de luz no teu caminho
Se quiseres aceitar o que resta de mim...Renato Oliveira
Existo num lugar de tudo ser;
Mas queria viver num lugar de só ser...
Só ser eu mesmo...
Só ser vida...
Ser...
Mesmo só...
E hoje me quero ser definitivo.
Fazer minhas malas (eu as tenho ainda?)
Meus pés na estrada
Sem deixar rastros que alguém possa seguir.
Para também não ser...Renato Oliveira
Vem a noite de estrelas ornadas
E vem a lua no céu tão pálida...
Vem docemente, tão lentamente,
Como se tivesse as mãos caídas...
A lua, desilusão solitária
Na profusão de estrelas do infinito...
Num tempo em que eu era outro,
Outros eram também meus pensamentos.
Mas um outro novo tempo chegou
E virou minha alma do avesso.
Agora já não penso...
Não tenho mais tempo...
E a lua no céu tão pálida...
Vem docemente, tão lentamente,
Como se tivesse as mãos caídas...
Iguais as minhas... Renato Oliveira
Nesse Natal, eu queriaEscrever uma poesiaQue lembrasse, simplesmente,Que é Natal...Uma poesia sem palavras,Feita apenas de gestosDe amor e de afeto.Uma poesia que aproximasse irmãos,Fizesse nascer o amorEm cada coração...Uma poesiaQue abrisse a caixa dos sonhosE deixasse escapar a criança de cada um.Saboreando a vida em sanduíches de violetasRecheados de acácias e orquídeas,No piquenique das lembranças...Nesse Natal, eu queria Escrever uma poesiaque lembrasse, simplesmente,Que é... NATAL...Renato Oliveira