quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Passo a vida...

Passo a vida procurando
Os caminhos por onde andar
E sem querer vou ficando
Em lugares que não deveria estar.

E mais longos se fazem os caminhos
Quanto mais o cansaço me toma.
Em meio à multidão vou sozinho,
Não me segue nem minha sombra.

Mas haverá dia em que me veja
Pelos caminhos da vida perdido,
Em meio a trilhas do desconhecido,

Implorando um socorro qualquer.
E dessa solidão, de mansinho,
Surge a luz, em forma de mulher...


Renato Oliveira

Eu passarei...

Passarei. Isso já estava escrito
Antes mesmo de eu nascer.
Eu passarei como todos passarão.
Mas quero guardar para mim
A dor, o desprazer, de chorar a todos.
Não se trata de egoísmo,
Mas de uma forma de carinho.
Não quero que ninguém me chore,
Pois acho que não mereço tal pranto.
Reservo-me, pois, o direito
De esperá-los partir, para contar
Com um cortejo que me aguarde
Quando chegar a minha vez.

Mas, talvez, seja egoísmo sim
Ou, então, o medo da morte
Que procuro disfarçar
Com esta falsa afirmação
De não querer fazê-los chorar,
Coisa que não sei se irá acontecer.
De qualquer forma, acreditem,
Realmente eu não faria nada
Que maltratasse ou magoasse
O coração de quem me quer bem.


Renato Oliveira

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Eu te amo (Para uma pessoa especial)...

Eu te amo...
No amanhecer de cada dia,
Onde encontro a luz que irradias
E ilumina meu viver.

Eu te amo...
No entardecer de cada dia,
Onde encontro a paz e a poesia
Do teu amor a me envolver.

Eu te amo...
Nas horas longas das madrugadas vazias
Onde o sonho de te amar alivia
Toda angústia que a vida possa trazer.

Eu te amo, enfim...
Porque és o amor em mim,
Porque me fazes renascer
A cada instante, em ti...


Renato Oliveira

sábado, 19 de dezembro de 2009

Solidão...

Ao ver, aos poucos, todos se despedindo
E na casa imperando o vazio e o silencio,
Mais concreta se torna a idéia de ausência
E solidão. Ao passar do tempo vão caindo
Os laços que entrelaçam as existências,
Rompidos pelas barreiras criadas pela distancia.
É o nada que parece tomar sentido,
Envolvendo a vida e o tempo. Estagnação.
Sem tempo e sem vida. Solidão.


Renato Oliveira

Quem da vida...

Quem da vida esquece a cor
E da esperança o carinho,
É rio que corre fingidor
Por águas em torvelinho

E mergulha com furor
Sobre as pás de um moinho.
Pequenas vagas de rancor
Ajudam a rodar o moinho

Que alimenta tua dor
Enquanto segues teu caminho.
E o amor, teu mar maior,
Faz-se revolto redemoinho

Sugando para teu interior
As mágoas do ser sozinho.
E buscas encontrar o sabor

Que te devolva ao velho ninho,
Em meio ao que te restou

Entre rosas e espinhos.

Renato Oliveira

Passageiros do tempo...

Passageiros do tempo,
Cruzamos os séculos
Tropeçando nas horas.
E a vida? E a Fé?
Brilham insistentes,
Nos corações indiferentes,
Pobres senhoras...


Renato Oliveira

Porque...?

Porque nos teus braços
Carregas a vida
E na alma esta triste ferida
Por saudades de quem não tens?

Porque não trocas pelo avesso
A vida que não tens na alma
E deixa crescer o desejo,
Nos olhos chama perdida?

Porque não vestes a alma
Com a vida que carregas nos braços
E deixa escapar entre os dedos
A saudade que te faz tão doída?

Renato Oliveira

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Eu, caçador de sonhos...

Eu, caçador de sonhos,
Que procuro nuvens
Onde repousem ,
serenos, Eros e Afrodite,
Me desfaço em pedaços
De mil faces de um ser
Que não consegue ser
Nada mais além
do que um simples mortal.

Carne pela carne gerada,
Pela vida degenerada,
Indiferente ao espírito
Que lhe move os sentidos
E os sentimentos.

Eu, caçador de sonhos,
Me refaço em caça
De mim mesmo,
Fugas do que me sei
(O real que a natureza criou),
Em busca do que me imaginei
(O irreal de quem sonhou).

Renato Oliveira

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Sorriso de Madona...

Chove. E apenas teu mudo retrato
Na parede, olhos fixos em direção à porta,
Sorriso de Madona, parece ter vida
Em meio ao silêncio e o vazio da casa.

A chuva batendo nos vidros da janela,
No rádio uma canção que canta saudades,
Tudo isto me trás lembranças tuas.

E sonho. Diante da janela, olhando a rua,
O pensamento se perde e flutua
Em busca de todos os momentos
Em que estiveste junto a mim.
E tão real é a idéia da tua presença
Que sinto teu corpo rente ao meu,
O calor da tua boca, o carinho dos teus braços.
Tento te tocar e desfaz-se tua imagem,
Miragem pelo desejo do amor criada.
E não te vendo, desfaz-se, então, a ilusão
E nem a mim me sinto.

Chove. E, na parede, teu mudo retrato,
Sorriso de Madona, parece zombar de mim...


Renato Oliveira

Tu nascestes da minha poesia...

Tu nasceste da minha poesia,
Te fizeste realidade em meus sonhos,
Enquanto aquecias minhas noites
E colorias meus dias
Com as cores da esperança.

Te criei em verso e prosa,
Te criei amor-criança.

As cores do arco-íris
Eram teus passos na minha eternidade.

Da poesia ao sonho, do sonho à realidade,
Desgastou-me o tempo perdido
Em esculpir meu sonho,
A espera que essa poesia
Viesse ao meu encontro
Nos teus braços estendidos,
Prontos a me receber,
Que já não tenho mais vida.

Só um crepúsculo, não tão colorido,
De um resto de existência.
Um pouco de luz no teu caminho
Se quiseres aceitar o que resta de mim...


Renato Oliveira

sábado, 5 de dezembro de 2009

Existo num lugar de tudo ser...

Existo num lugar de tudo ser;
Mas queria viver num lugar de só ser...
Só ser eu mesmo...
Só ser vida...
Ser...
Mesmo só...
E hoje me quero ser definitivo.
Fazer minhas malas (eu as tenho ainda?)
Meus pés na estrada
Sem deixar rastros que alguém possa seguir.
Para também não ser...


Renato Oliveira

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Vem a noite...

Vem a noite de estrelas ornadas
E vem a lua no céu tão pálida...
Vem docemente, tão lentamente,
Como se tivesse as mãos caídas...
A lua, desilusão solitária
Na profusão de estrelas do infinito...

Num tempo em que eu era outro,
Outros eram também meus pensamentos.
Mas um outro novo tempo chegou
E virou minha alma do avesso.
Agora já não penso...
Não tenho mais tempo...

E a lua no céu tão pálida...
Vem docemente, tão lentamente,
Como se tivesse as mãos caídas...
Iguais as minhas...


Renato Oliveira

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Nesse Natal...

Nesse Natal, eu queria
Escrever uma poesia
Que lembrasse, simplesmente,
Que é Natal...

Uma poesia sem palavras,
Feita apenas de gestos
De amor e de afeto.

Uma poesia que aproximasse irmãos,
Fizesse nascer o amor
Em cada coração...

Uma poesia
Que abrisse a caixa dos sonhos
E deixasse escapar a criança de cada um.
Saboreando a vida em sanduíches de violetas
Recheados de acácias e orquídeas,
No piquenique das lembranças...

Nesse Natal, eu queria
Escrever uma poesia
que lembrasse, simplesmente,
Que é...
NATAL...

Renato Oliveira