Um pedido? Uma rogativa?
Não, não pretendo envelhecer. Não na alma, não no espírito, não no jeito de ser.
Mas não posso impedir que o tempo deixe suas marcas num corpo tão usado.
Sou como um velho barco a cruzar rios traiçoeiros e bravios.
Mesmo rangendo, este velho barco há de vencer as águas que jorram, em seu caminho, pedras, troncos ou redemoinhos.
Ferem, riscam, machucam, mas não o fazem naufragar, nem desistir da travessia.
E os rangidos deste velho barco, que parecem lamentos do que não foi, são, na verdade, belas e velhas cantigas de um velho e belo tempo que já passou. Mas que trazem, também, a esperança e certeza de que há, ainda, muito tempo para chegar, muitos rios para navegar, muitas canções para cantar...
Não envelhecerei...
Enquanto houver esse amor para me entregar;
Enquanto souber do quanto há para conquistar;
Enquanto conseguir sorrir para o mundo;
Enquanto sufocar, dentro de mim, o egoísmo.
Não envelhecerei...
Enquanto houver no horizonte o sonho de um novo amanhecer, estarei navegando em busca desse novo sol.
Pois quero mostrar-lhe que, mesmo à custa de muitos remendos, há muito de vida brilhando em mim.
Renato Oliveira
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