terça-feira, 6 de abril de 2010

Não envelheças...

Não envelheças...
Um pedido? Uma rogativa?
Não, não pretendo envelhecer. Não na alma, não no espírito, não no jeito de ser.
Mas não posso impedir que o tempo deixe suas marcas num corpo tão usado.

Sou como um velho barco a cruzar rios traiçoeiros e bravios.
Mesmo rangendo, este velho barco há de vencer as águas que jorram, em seu caminho, pedras, troncos ou redemoinhos.
Ferem, riscam, machucam, mas não o fazem naufragar, nem desistir da travessia.

E os rangidos deste velho barco, que parecem lamentos do que não foi, são, na verdade, belas e velhas cantigas de um velho e belo tempo que já passou. Mas que trazem, também, a esperança e certeza de que há, ainda, muito tempo para chegar, muitos rios para navegar, muitas canções para cantar...

Não envelhecerei...
Enquanto houver esse amor para me entregar;
Enquanto souber do quanto há para conquistar;
Enquanto conseguir sorrir para o mundo;
Enquanto sufocar, dentro de mim, o egoísmo.

Não envelhecerei...

Enquanto houver no horizonte o sonho de um novo amanhecer, estarei navegando em busca desse novo sol.
Pois quero mostrar-lhe que, mesmo à custa de muitos remendos, há muito de vida brilhando em mim.

Renato Oliveira

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