Arrastou-me por caminhos que jamais suspeitava, promoveu encontros que, a mim, nada diziam e juntou-me a vidas, à minha vida, tão estranhas...
E resolveu premiar-me, por minha resignação, com uma jóia trazida do céu e colocada em meus braços.
E dediquei-me aquela jóia. Cuidando, polindo, para nela encontrar o brilho que em mim havia perdido.
Ah! Com que prazer me dediquei a essa tarefa. Prazerosa, não provocava cansaço ou exaustão. Poderia ficar dias e noites insones sem que disso me desse conta, tal o encanto que me provocava.
Estranha a vida...
Assim como colocou em mim essa jóia, um dia resolveu tomá-la de volta.
Sem prestar contas, sem se dar conta que ali estava um pedaço meu, que nela já havia deixado grande parte do que me conhecera.
Era um pedaço do meu corpo que também se ia.
E era minha alma que se desfazia. Como se fora um sonho que se despedaça ao despertar. Não existe mais. Ficam só lembranças.
Por longo tempo, me fez experimentar o amargo de sofrer por essa perda, vestiu meu coração de luto, apagou o brilho que mal havia começado a me iluminar.
Estranha a vida...
Um dia, quando nada mais esperava, se não o fim já anunciado desde o meu primeiro minuto; quando não via mais sentido para nada, outra jóia faz surgir na minha vida.
Um novo tesouro, que surgiu feito um clarão na escuridão de minha noite que se fazia eterna.
Mas não foi o clarão de um raio, que risca o céu da noite e se vai.
Era luz. E vinha para ficar.
Uma luz tão forte, tão intensa, que desvestiu meu coração do luto que teimava em manter e vestiu-o com as cores de uma nova esperança, com as cores brilhantes e luminosas do amor. Essa luz soube guardar e respeitar minhas lembranças, fazendo-as mais doces de recordar.
Assim, de repente. Não mais do que de repente.
Do amor em sonhos suspeitado, à realidade do amor em verdade transformado, transmutando toda vida.
Hoje tenho dois anjinhos que cuidam de mim.
Um, lá no espaço celeste, de onde, tenho certeza, me cobre com todo seu carinho e suas preces.
Outro está aqui, junto aos meus passos, velando por mim, olhando por mim, fazendo desse meu viver algo que valha a pena ser vivido.
Mas, essa estranha vida...
Me assusta, me dá medo.
De que resolva, outra vez, brincar comigo e me tomar esse tesouro com que enriqueceu a minha vida.
Estará ela, essa estranha vida, coroando todos seus esforços para mostrar-me que suas forças são superiores às minhas.
Ela, essa estranha vida, tem todo o tempo do mundo a sua disposição.
Eu não tenho mais tempo nem idade para brincar de amor...
E eu preciso desse amor que agora me tem.
Eu não tenho mais tempo de esperar o momento para ser feliz...
Meu momento e lugar de ser feliz é agora, no coração do meu amor...
Renato Oliveira
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