domingo, 29 de novembro de 2009

Menino de rua...

Passo a passo, dia após dia,
Teu destino se forma e evidencia
Nos traços que traçam tua agonia
Nesse teu estranho viver.
Órfão da vida na vida que te acolheu,
Das tuas origens não guardas o sabor,
Não provastes o gosto de ser filho, irmão,
De dar e receber amor.
Te acostumastes ao frio das ruas,
Teu agasalho é o jornal que te noticía.
E nas longas madrugadas de solidão,
O medo é tua única companhia.
Perambulas pela cidade, destino incerto,
Em busca da migalha que de algum prato caia,
Que de mão dada nada recebes de quem passa
E te olha com olhos em estranho objeto.
Pensando enganar a fome e a vida,
Viajas nos sonhos forjados da droga maldita
Que te engana e te abre maiores feridas,
Mais na alma do que no teu próprio corpo,
Já marcado pelas dores do desconforto
De seres pária no teu próprio meio.
Aprendiz no duro jogo da sobrevivência,
Estás nele a batalhar por tua existência,
Sem saber por que e a que veio.


Renato Oliveira

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