Muito se tem falado sobre inclusão. Mas há, ainda, um longo caminho a percorrer, até que se desfaça, na população em geral, uma repulsa, muito contida é verdade, mas que se observa na presença de qualquer pessoa portadora de uma deficiência, não importa qual seja.
Tenho observado a reação de muitos diante da aproximação de uma pessoa PNE. Retraem-se, desviam seus caminhos, seus olhares tentam ocupar-se com algo para não verem o que está diante de si. Ou para furtarem-se a serem solicitados a auxiliar. Como se estender a mão a uma destas pessoas fosse algo degradante, ou passível de se ver contagiado por aquele mal.
Ah, triste humanidade que não vê em si mesma tôda uma disformidade, disfarçada pela carne que não dá sinais do que lhe vai dentro.

Pudessem, os olhos que me olham com espanto,
Ver além da máscara da face
E contemplariam, com desencanto,
Não o monstro pelo qual ansiavam
Mas o espírito que canta, e ri e chora.
Pudessem esses olhares espantados
Conhecer, da batalha inútil, o desespero ardente
Em busca da liberdade, convulsivamente,
E conheceriam na alma, a dor que ali mora.
Pudessem, esses olhares de espanto,
conhecer a dor que punge e tudo devora,
Saberiam que há, em tudo, o mesmo pranto
E as luzes de uma mesma aurora.
Renato Oliveira