
Quarenta ou mais anos se passaram. Mas voltei. Não apenas fisicamente. Mergulho na infância remota, quase esquecida. Estou com nove anos. E, como agora, sentado à margem daquele que conheci, um dia, como rio. Hoje é lago. Lago Guaíba. Rio Guaíba.
Eu, criança, ali sentado nas manhãs cálidas de primavera, olhava um navio a cruzar o canal. Indo em direção a um mundo que não conhecia, não consegui sequer imaginar.
E meus sonhos, lépidos, embarcavam naquele navio, em busca das aventuras que, por certo, viveria.
Pois que deveriam existir outras cidades, outros rios, que não apenas minha Porto Alegre, que não apenas o meu Guaíba. Mas não teriam mais beleza, claro, e nem seriam mais aconchegantes do que estes, que eram meus, que eu podia abraçar com o pensamento.
E me via desbravando trilhas e mares, enfrentando e vencendo piratas, bandidos, trazendo tesouros como recompensa, que entregaria à minha mãe, merecedora de tudo que pudesse amealhar nessas lutas.
Todos os dias, logo pela manhã, lá estava eu sentado na areia, repetindo-me continuadamente. E a vida continuava a mesma.
Desperto do sonho. Estou de volta. À Porto Alegre. Ao meu Guaíba. À realidade.
Todos os navios passaram, todos os sonhos passaram. E eu continuo sendo a criança do meu Guaíba.
Eu, criança, ali sentado nas manhãs cálidas de primavera, olhava um navio a cruzar o canal. Indo em direção a um mundo que não conhecia, não consegui sequer imaginar.
E meus sonhos, lépidos, embarcavam naquele navio, em busca das aventuras que, por certo, viveria.
Pois que deveriam existir outras cidades, outros rios, que não apenas minha Porto Alegre, que não apenas o meu Guaíba. Mas não teriam mais beleza, claro, e nem seriam mais aconchegantes do que estes, que eram meus, que eu podia abraçar com o pensamento.
E me via desbravando trilhas e mares, enfrentando e vencendo piratas, bandidos, trazendo tesouros como recompensa, que entregaria à minha mãe, merecedora de tudo que pudesse amealhar nessas lutas.
Todos os dias, logo pela manhã, lá estava eu sentado na areia, repetindo-me continuadamente. E a vida continuava a mesma.
Desperto do sonho. Estou de volta. À Porto Alegre. Ao meu Guaíba. À realidade.
Todos os navios passaram, todos os sonhos passaram. E eu continuo sendo a criança do meu Guaíba.
Minha Porto Alegre de eu ser criança...
Em tuas ruas acalentei meus sonhos,
Por tuas calçadas deixei minha infância.
Nas águas do Guaíba naveguei esperanças
Que na vida jamais aportei.
Em busca de aventuras, um dia te deixei.
Para trás foram ficando tuas ruas, tuas calçadas,
Os amores e ilusões que comigo cresceram.
Queria agora te ver com os olhos da volta,
Coração de saudade de quem tarde retorna
Às raízes profundas encravadas na alma.
Em tuas ruas acalentei meus sonhos,
Por tuas calçadas deixei minha infância.
Nas águas do Guaíba naveguei esperanças
Que na vida jamais aportei.
Em busca de aventuras, um dia te deixei.
Para trás foram ficando tuas ruas, tuas calçadas,
Os amores e ilusões que comigo cresceram.
Queria agora te ver com os olhos da volta,
Coração de saudade de quem tarde retorna
Às raízes profundas encravadas na alma.
Renato Oliveira
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