quinta-feira, 23 de julho de 2009

Meu pai...

Escrevi esse texto uns cinco anos de meu pai falecer. Foi a partir de uma pergunta que me fizeram sobre ele, como era meu relacionamento com ele. Sempre me foi difícil falar sobre isso.
Foi sempre um homem sizudo, de poucas palavras. Gestos contidos. Assim era meu pai.

Meu pai...
Quem é meu pai?
Na verdade,
Não sei dizer.
Apenas sei dizer
Que é um homem
Que me deu um nome
Que carrego comigo até hoje.
Se foi bom ou ruim?
No seu jeito meio rude,
Talvez tenha passado
A mão sobre minha cabeça,
Me comprado um sorvete
Num agrado que parecia muito
E era pouco, tão pouco
Para quem esperava um mundo
De carinhos daquelas mãos.
Palavras poucas, gestos sisudos,
Tem um ar de quem
Sabe tudo, entende tudo
Mas não precisa dizer.
Meu pai é assim.

Um jeito de gostar
Que ninguém percebe
A emoção que passa na alma,
O medo de abraçar um filho,
Por que talvez não contenha
As lágrimas que tem para chorar.


Renato Oliveira

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