quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Nos passos cansados e lentos...

Nos passos cansados e lentos,
Me encaminho para as festas do silêncio.

Olho para trás; não deixo marcas
De mim. Do que fui tudo se apaga.

O tempo-criança brinca com as tranças
Do tempo-velho; sepulcro e berço.

Entre um e outro, ergui meu deserto
Povoado de sonhos adolescentes.

Em buscas e procuras do amor ausente,
Que brinca de ser-não-ser amor presente.

Em busca das manhãs onde a vida se prova,
Na voragem do tempo que tudo devora.

Entre um e outro, berço e sepulcro,
Os sonhos não morrem; jazem inertes e mudos.

Enfim, e por fim, um último brilho, a vida se ilumina
No despertar da verdade pura e cristalina.

O corpo, da alma e do espírito desnudo,
Descansa na poeira do nada absoluto.

Renato Oliveira

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Tua caixinha de música...



A tua caixinha de música está sobre a mesa; a bailarina, de rosa vestida, em seu lugar de destaque. A música começa a tocar e a bailarina, a girar.

Fecho os olhos e as notas invadem a sala, rodopiando ao meu redor. São de cores variadas, verdadeira fantasia de um mundo mágico que só existe no (sub)consciente dos sonhos.

E a bailarina parece tomar vida, vem rodar em torno a mim. Olho-a atentamente. Ela toma não somente vida, mas também tuas formas: teu rosto, teu olhar, teu sorriso. A bailarina és tu.
Tento tocá-la, abraçá-la, mas cessa a música e tudo se desfaz. Olho em volta te procurando mas só encontrando tua caixinha de música, muda e esquecida sobre a mesa.

Renato Oliveira

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Os meus segredos...

Os meus segredos
Eu os tenho em segredo.
Minha alma é uma casa
De portas e janelas fechadas,
A olhares estranhos vedada.
Ando despido de vida,
Vestido apenas dos sonhos
Que se fazem todos os dias,
Adornados pelas fantasias
De esperanças tardiamente tecidas.

Os meus segredos
Eu os tenho em segredo.
Meu coração é um jardim
de flores vivas e coloridas,
Onde detenho todos os olhares
Que queiram olhar dentro de mim.

Os meu segredos?
Eu os tenho em segredo...

Renato Oliveira

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Minhas palavras...

Minhas palavras te amam nos sonhos
Que te buscam em tua ausência.
Elas nascem dos sentidos
Que meus sentidos guardam de ti.
E, à noite, faz-se real tua presença
Quando a mão pousa nua no tecido
Macio em que repousaste teu corpo.
O sonho é lúcida transparência,
Espelho onde se refletem
Todos os meus desejos.

Renato Oliveira

domingo, 19 de dezembro de 2010

Nas tuas ausências...

Nas tuas ausências, converso contigo
Como se ao meu lado estivesses.
Sei que longe me escutas,
Escutas minha voz a te cercar
E a te envolver e te preenchendo a alma.
Te quedas em silêncio e no teu silêncio
O amor nos possui.
Olho o céu estrelado com o mesmo sorriso
Que trazes á boca. Tu és a estrela
Distante e mais desejada do meu universo.

Renato Oliveira

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Andarilho...

Ao anjo e ao demônio me oponho;
Angelicais adornos não me cabem
E dos demoníacos poderes não me sirvo.
Não, não sou um anjo e também não sou demônio.
Só um andarilho, sem rumo, sem nome,
À procura do seu lugar nessa vida.

Renato Oliveira

Dos amores...

Da vez primeira em que amei,
Rosa turvou meus quinze anos.
Depois, a cada amor que encontrei,
Maiores foram os meus enganos.

E estes amores foram chegando
Mas a nenhum deles me entreguei.
Nos sonhos, em doce abandono
De silêncio, o meu amor guardei.

Hoje, de todos os amores, me resta
Aquele que tardiamente vi chegar,
No outono da vida que se apressa.

Pouso suave da alma cansada e inquieta
Que não se cansou de te esperar,
Em teu amor o meu amor adormece...

Renato Oliveira

sábado, 4 de dezembro de 2010

Deixa teus lábios...

Deixa teus lábios mudos
E me entrega teu coração;
Em teu corpo sei de tudo,
Sem ti, sou apenas solidão...

Renato Oliveira

Trova

Felicidade chamou ilusão
Para o adeus do amor festejar.
Mas a saudade da paixão,
Fez a dor, de dor, chorar...

Renato Oliveira

Faça da tua luz...

Faça da tua luz, estrela
Que brilhe além do infinito,
Iluminando quem à distância te veja
(Assim, como eu),
Mesmo que seja com olhos aflitos
(Assim, quais os meus).

Renato Oliveira

sábado, 20 de novembro de 2010

As mulheres que marcaram minha vida

III- O ENCONTRO

Eu a conheci, primeiro, pelas palavras que a descreviam. Todos seus dons, todo o seu jeito de ser, todo o seu jeito de gostar. Não foi o descrever de toda uma vida, mas palavras suficientes para, de imediato, despertar em mim o carinho e o bem querer por alguém que dedicara sua vida a cuidar bem de sua gente, seus filhos, os naturais e os acolhidos pelo coração.

Depois, eu a conheci pessoalmente. Abrigada, por necessidade de cuidados constantes com sua saúde, em um lar evangélico. Desde o primeiro momento, despertou em mim enorme sentimento de carinho, de afeto, de ternura. Mesmo jamais tendo me conhecido, mesmo jamais fazendo idéia de quem eu fosse, me recebeu com um sorriso alegre - pois que existem sorrisos tristes-, um sorriso que era o mesmo que abrir seus braços e seu coração para me receber. Assim eu senti, assim foi.

Passei a visitá-la duas ou três vezes por semana. Sempre procurava levar um vasinho com violetas, para enfeitar o seu quarto. E sempre me recebia com aquele sorriso lindo. Eu beijava sua testa, respeitosamente, e ela tomava de minha mão e a beijava. Justamente o inverso do que deveria ser. Eu é que deveria tomar-lhe as mãos e beijá-las, por muitas razões. Entre elas, a de permitir que, ao visitá-la, tivesse oportunidade de resgatar velhas e sofridas dívidas, que ninguém me cobra, mas sei que existem.

Eu me sentia feliz ao lado dela. Contava-lhe histórias que conhecia, inventava outras, engraçadas, que a faziam rir. Dizia-lhe do que fizera e do que iria fazer. E ela buscava, na memória já gasta, lembranças dos seus tempos de menina, de moça e de mãe. Contava-me passagens da vida, como se as estivesse vendo naquele momento. Como os bailes de carnaval na Rua Larga, onde só podia ir acompanhada dos irmãos, ou a casa onde nascera, a qual não mais existia, ela afirmava. Sempre que perguntava pelas visitas que recebera, sabia ela que a filha estivera lá, também seus netos. Mas muitas vezes confundia os nomes, e eu a ajudava a lembrá-los. E era gostoso ver, mais uma vez, o sorriso de satisfação que ela mostrava ao lembrar-se de todos. Uma coisa me espantava, lembrava direitinho o nome de sua mãe.

Pensava muito em sua casa, preocupava-se com ela, se estava sendo cuidada. Queria voltar, me dizia, pois precisava cuidar de muitas coisas. Fazer a janta, lavar a louça, tirar o pó. Eu dizia-lhe que ainda não era hora, que devia esperar um pouco mais, e que eu cuidaria da casa para ela. Então, pedia que eu lhe prometesse isso. E eu prometi, sim, o que de fato procuro fazer.

As companheiras que com ela estavam no lar, se alegravam também com minha presença, como se a visita fosse delas, o que não deixava de ser verdade. Pois a cada uma, eu oferecia uma palavra e um gesto de carinho.

Digo que ela marcou minha vida não apenas por sua história de vida, mas porque me fez feliz, demonstrando isso sempre que me via. Fez com que me sentisse útil e importante para alguém, e que posso, ainda, fazer o mesmo por muitas outras pessoas. Não precisam ser velhos, nem conhecidos, não precisam ter consangüinidade. Serão sempre novos amigos, novos elos nessa corrente que chamamos existência, formando uma família que se multiplicará pelo tempo em que puder doar um pouco de mim, até o momento em que eu mesmo necessite desta doação.

E não me esqueço do que ela respondeu, quando lhe perguntei se gostava de mim.

-EU TE AMO! Foi esta a resposta dela.

A mim, só resta agradecer a Deus a benção de te-la conhecido.

Renato Oliveira

As mulheres que marcaram minha vida

II – O RENASCER

Ano de 2007. Fazia, já, 21 anos que trazia a alma em luto. Vivia no silencio da introspecção, na verdade, um apenas existir.

Morava, então, em uma cidade tropical, banhada pelo mar, com lindas e extensas praias, emoldurada por montanhas de muito verde.

Era um sonhador... Vivia a filosofar, mesmo que disso não soubesse. Perdia horas buscando entender o enredo da vida, todos os seus liames e emaranhados que levam, quase sempre, ao sofrimento e à solidão.

O que a vida havia feito comigo? Por que fora tão cruel? Deu-me um presente maravilhoso, colocou-me nos braços um pouco de mim mesmo, naquela criança tão frágil, que me chegava como fonte de luz e me fez olhar o futuro com menos ceticismo. Essa luz, no entanto, foi um único brilho, feito um relâmpago, clarão que se fez tão rápido como se fosse estrela cadente riscando o céu da minha esperança. Ele se foi, mas a dor ficou. Forte, doída, machucando, doendo no corpo, na alma, no coração.

E deixei-me ficar esquecido de mim mesmo. Mergulhei no meu mundo opaco e descolorido e ali fiquei, isolado de tudo e de todos.

Mas encontrei algo para afastar um pouco essa solidão, na modernidade do tempo atual. Passei a navegar na tecnologia da internet. Encontrava temas que me encantavam, notícias que me aterravam, manchetes que me espantavam.

Mas, um dia, encontrei algo mais. Um nome. Sim, apenas um nome. Mas continha esse nome tal força, tal energia, e em mim se impregnou de tal forma, que, a partir de então, tudo na minha vida mudou.

Dela, da dona daquele nome, nada sabia. Estávamos longe um do outro, separados pela distância. Mas isso não importava, não impedia de me sentir envolvido naquele mundo novo, feito de magia e encantamento.

Abriram-se as janelas da minha alma, ao descobrí-la. O coração despiu-se do negro luto em que se envolvera, e deixou-se banhar pelo brilho da luz que ela lhe trazia. E me permiti sonhar outra vez. Encontrei um lindo anjo que me deu asas e me ensinou a voar. E voamos juntos pelo mundo do amor. Lá, namorei a felicidade, fiz carícias na ternura e amizade com a esperança. E nunca mais voei sozinho. Sempre ao meu lado, estava o meu anjo.

-O nome desse anjo? AMOR!!!

Renato Oliveira

As mulheres que marcaram minha vida

I - A origem

Eu a conheci quando contava oito anos. Até então, me sentia ligado a ela apenas pelo instinto natural, que me guiava a isto.

E a descoberta desta mulher deu-se numa noite não muito fria, quando o outono ameaçava chegar. Em torno de uma mesa de madeira, sentados em bancos também de madeira, sete crianças e três adolescentes a espera do jantar.

Ela, de costas para todos, apanhou em cima de um armário, uma lata de mantimentos. Abriu-a, olhou, fechou-a e devolveu ao seu lugar. Pegou uma segunda e uma terceira e repetiu o gesto de olhar e devolvê-las aos seus lugares. Nesse momento, eu, que já era bisbilhoteiro desde então, estava observando e vi quando lágrimas desceram dos seus olhos. Lágrimas que ela procurou disfarçar para que ninguém percebesse. Da sua boca não ouvi sair nenhuma palavra, seja de lamento, ou de desânimo. Demorou-se um pouco, ainda, catou umas moedas e pediu ao mais velho dos que estavam na mesa que fosse comprar pão no armazém do seu Zé. E anunciou para todos que aquela noite faria algo diferente. Todos comeriam ovos fritos, com a gema mole, com pão e café preto. Claro, todos gostaram da novidade. Eu também gostei, não vou negar. Não era sempre que se podia comer ovo frito.

Mesmo satisfeito com algo que me deixava o estômago feliz, não me saía do pensamento a imagem das lágrimas escorrendo-lhe pelo rosto.

A partir de então, ensinou às filhas como cuidar da casa, supervisionava o preparo das refeições e entregou-se ao trabalho, lavando e passando roupas para fora. Eram trouxas e trouxas que eu ajudava a levar até o educandário, onde havia água limpa e pedras enormes onde ela quarava as roupas. Depois, passava cada peça com todo esmero, usando aqueles ferros aquecidos com carvão em brasa. E, além disso, empregou-se como doméstica na escola onde eu estudava. Na época, Grupo Escolar José de Anchieta. Mesmo com todas estas ocupações, jamais se descuidou de suas crias, que soube encaminhar pela vida.

No seu rosto, ao longo da vida, muitas outras marcas surgiram e foram disfarçadas em sorrisos e palavras doces. Muitas lágrimas também aconteceram, mas eu acredito que nenhuma tão doída quanto aquelas que vi escorrerem naquela noite.

Ela marcou-me definitivamente. Não pelo choro em si, mas por não demonstrar revolta, nem raiva, nem desespero. E por ensinar, através do silêncio, que sempre poderemos encontrar um caminho, uma solução. Basta ter vontade, força, e, acima de tudo, acreditar.

-Essa era D. Wanda, a minha mãe.


Renato Oliveira

Olho para ti...

Olho para ti e te vejo partindo,
Tua imagem aos poucos desaparecendo,
Envolta pela névoa que me toma
O olhar. Agora és apenas uma sombra
Por entre minhas lembranças
E os sentidos são todos um só gosto
Amargo de saudade. A tua ausência
Se faz, dia a dia, mais intensa
E refaz, em fogo, a marca de antigo
Sofrer. Apaga-se do rosto a expressão serena
Do bem querer, à cata do sonho
Que despencou do próprio sonhar,
Utópico desejo do querer, sonhando,
Te amar.

Renato Oliveira


Podem as águas passar...

Podem as águas passar
Assim como passam os homens,
Mas para sempre há de ficar,
Entre inúmeros, o meu nome.

Não trago a nobreza ou o azul
Do sangue da realeza. Sou de estirpe
Outra, incomum no meio mortal,
Mas comum onde a obtive.

Trago, sim, na alma a humildade,
No coração a calma de quem sabe
Que viver não é apenas existir;

Que viver é ser nada de si, além;
E não ter do que possuir
E possuir tudo aquilo que não tem.

Renato Oliveira

Do tempo...

O tempo não tem tempo
De me trazer um passatempo.
Passa o sol, passa a lua,
Passa o sonho que flutua
Na branca nuvem que paira no vento.
E me desfaço me refazendo
No próprio tempo
Que me viu morrendo e renascendo
No infinito de vida, que é o espaço-tempo.

Renato Oliveira

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Prece de amor (Por meu amor)




Senhor,
Eu vos peço,
Em doce e fervorosa prece,
Guardai aquela que amo.
Não permitas, Senhor,
Que sofra o meu amor
A tristeza do desencanto.
Acolhe-a em Teus braços,
Cobre-a com Teu manto.

Senhor,
Fazei de suas manhãs
Um renascer constante.
Afastai as nuvens cinzentas,
Prenúncios de tormentas,
Para além do horizonte.

Senhor,
Que não tenham espinhos
As flores que colher pelo caminho
Para enfeitar os seus cabelos.
Olhai-a, Senhor, com especial enlêvo.

Senhor,
Que a tua Paz
Seja a paz que dela emana,
A paz de quem se ama
Como um doce e terno bem.

Em nome do meu amor,
Amém.

Renato Oliveira

Se um dia...

Se um dia eu me cansar desta vida,
Estenda-me tuas mãos amigas
E ampara a alma caída dos sonhos que tanto sonhou.

Se um dia eu me cansar destes caminhos,
Acolhe-me docemente, aos pouquinhos,
E deixa-me ir, de mansinho, ao encontro do teu amor.

Se um dia eu me cansar de fingir
Que não houve dor a me ferir,
Deixa-me chorar e sorrir; a dor que se foi, o amor que chegou.

Mas se um dia a vida cansar de mim
E apressar o tempo que resta para o fim,
Põe em minhas mãos rosas e jasmins, e me dá teu sorriso mais feliz.

Dá-me teu sorriso mais feliz, e faça-me feliz por onde eu for...

Renato Oliveira

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Ando pelas ruas...

Ando pelas ruas sem nada ver
E a verdade está sempre a minha frente.
Distante...
Meus olhos não tem mais vida, estão mortos.
Cegos. O que me guia é apenas o instinto
Em busca do que não me é dado conhecer.
Tudo à minha volta são meus sentidos,
Sentidos daquilo que penso ser a realidade,
Sentidos daquilo que penso ser eu...
De vez em quando, choro sem querer.
Serão as saudades de um tempo
Onde repousava a serenidade de um amor?

Renato Oliveira

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Saber de si...

Ser e saber de si...
Sem medo ou vergonha de ver o tempo passando,
Se os cabelos estão brancos ou rareando,
Mas ganhando do tempo, o tempo preciso
Para trazer no rosto, ainda, muitos sorrisos,
Daqueles que te façam um eterno menino
Travesso, sapeca, feliz...

Ser e saber de si...
É envelhecer com todo bem que se quis,
Tudo sabendo, mas sempre um aprendiz
No firme propósito de existir e acreditar
Na sabedoria que te permite galgar
Descobertas e experimentar prazeres,
Todos, todos aqueles que possas ter.

Ser e saber de si...
É saber envelhecer contando estrelas,
Não as possuindo, mas, à todas, te-las
Contidas nos olhos faiscantes e curiosos
De uma outra noite, noite que se repete
Em arte de luz e melodia celeste.

Ser e saber de si...
É saber que envelhecer é cantar,
Dançar, passear de mãos dadas
Com a felicidade e a vida que sonhou
(Teve? Não teve?), e guardou na fantasia,
Crescendo junto com todos os sonhos.

Ser e saber de si...
É saber que envelhecer é amar
O amor maduro que não exige - aceita,
Que nada impõe - apenas espera,
Que não se explica - se mostra...
É o beijo apaixonado por saber-se amor.
É saber do desejo, e da sabedoria de o saciar...

Ser e saber de si...
Ah! Saber de si é fazer
O envelhecer transformar-se em arte
De ser feliz por saber-se intenso,
E viver as emoções aos outros despercebidas,
É trazer no peito toda uma vida
E oferecê-la para quem segue adiante...

Renato Oliveira

domingo, 22 de agosto de 2010

Guarda em ti...

Guarda em ti este amor que sentes
Imerso nas carícias de tua alma.
Silenciosamente, recolhe-o e guarda-o
Em teu coração. E teu sorriso, no silêncio
Leve da tarde, é a paz que acalma
E as cores da vida plena de sol.

Renato Oliveira

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Por onde vou...

Por onde vou,
Nem sei mais.
Apenas me vou
Por caminhos desiguais
Que hão de me levar
À lugar nenhum.
Apenas mais um
A cruzar vidas,
Sem ser, sem viver.
Pois que, de onde venho,
Também já não me sei...

Renato Oliveira

No silêncio da noite...

No silêncio da noite,
Em silêncio de fostes.
Sem lágrimas ou despedidas,
De mãos dadas com Deus
Para uma nova vida.

Minhas angústias, guardadas,
Desabaram,
Mas as lágrimas, teimosas,
Não correram.
Não chorava, nada dizia,
Apenas sofria.

Sofria a dor de me sentir
Inútil diante do destino,
Impotente para a vida,
Incapaz de deter a morte.
Sofria sonhos destruídos,
Tantas lutas perdias,
Suplicava para ser forte.

Renato Oliveira

Só quem ama...

Só quem ama
Pode saber da saudade,
Desse vazio no peito,
Desse gosto amargo de solidão
No despertar de cada manhã.

Só quem ama
Pode chorar o amor ausente,
Sabe dessa dor ora sente
A sufocar o coração.

Só quem ama
E ao amor por inteiro se entrega,
Sabe da vida e da espera,
Do encanto em cada encontro,
Em cada momento de amar.

Renato Oliveira

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Ausências...

Esgotam-se, em mim, as esperanças...
Desfaz-se em brumas o sonho...
Lentamente, tua ausência trás o vazio
Em que se debate a alma... Esse frio
Que agora me cobre, mostra-me uma dor
Que não pensava ser minha,
Que jamais se repetiria,
E me toma por inteiro...

Renato Oliveira


quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Meus sonhos...

Meus sonhos tomam-se de asas
Um a um, seguem vôos incertos...
A vida se amarga,
Busco dentro peito
Todos os silêncios da alma,
Em ausências, dispersos.
E o amor, já cansado, no leito
Vazio ama saudades...
O vento, assoviando pelas frestas,
Vem roçar de leve esta saudade
E a dor da ausência mais se encrespa.
-Dá um nó na garganta olhar tua foto,
Alheia ao tempo e o passar das horas...

Renato Oliveira

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Minha casinha...

Minha casinha, ao pé da serra,
Há muito tempo te espera
Para colher o amor que plantei.
Uma plantinha robusta,
De raízes bem profundas,
Plantada com todo carinho
No jardim do bem-querer.

Minha casinha também tem
Um jardim todo de beijos
E, em pequenos vasos,
Muitas mudas de abraços,
De paixão de desejos.

Tem um bosque todo enfeitado
De carícias e de afagos
E um caramanchão todo estrelado,
Onde cultivo as saudades,
Enquanto tu não vens...

Renato Oliveira


domingo, 11 de julho de 2010

Teu olhar...

Não são teus olhos que te olham
Ao espelho refletidos;
São meus sonhos que se mostram
Nos teus olhos, adormecidos..

Renato Oliveira

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Qualquer dia...

Qualquer dia, numa hora qualquer,
Nos encontramos. Então, te direi
As palavras que guardo comigo
Há tanto tempo. Ouviras, eu sei,
Mas tenho medo do que ouvirei.

Renato Oliveira

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Perdi meus sonhos...

Perdi meus sonhos através dos anos
Que se fizeram, da esperada ventura,
No palco de todos meus enganos,
Memorial de todas as amarguras.


A um canto da vida, as agruras
Permanecem em abandono.
E a própria vida murmura:
“Que viver estranho, tão insano...”

Que fosse ele tão estranho...
Não importa... Mas não a tortura
Da solidão, ao meu redor dançando,
Capaz de levar-me até a loucura.

Recontei os dias e as muitas dores
Que conservo, na alma, escondidas,
À sombra da alegria renascida.

Em hinos de amor e louvores,
Em sons alegres e encantadores,
Vem, amada, sejas bem-vinda...


Renato Oliveira

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Esqueço-me...

Esqueço-me das horas.
Eu não as vejo passar...
Também tu esquece-me...
A alma, na dor que chora, umedece
O corpo inteiro, além do olhar.
E as horas, as minhas horas, já nascem mortas...

Renato Oliveira

sábado, 5 de junho de 2010

Na distância...

Olho o mar... E me perco
Na imensidão que se desbobra
Ao olhar. Estou longe,distante,
Mas te sinto tão perto. Aqui,
Ao meu lado, pulsa tua presença.
Me envolve um calor que já conheço,
Me toma o mesmo desejo
Da noite primeira em que te amei.
E essa inquietante sensação
De não saber quando voltar,
Faz da vida um eterno esperar...

Renato oliveira

domingo, 23 de maio de 2010

Essa saudade...

Essa saudade que chega de mansinho,
Vai entrando na alma sorrateira,
E quando se vê, se adonou por inteira
Daquele que era teu cantinho.

Essa saudade que chega de mansinho,
Se fingindo de doce recordação,
Vai, aos poucos, numa explosão,
Mostrando a dor de estar sozinho.

Essa saudade que chega de mansinho
Nas horas em que se espera
As cores e o sol da primavera,
É chuva de inverno no caminho.

Essa saudade que chega de mansinho
Dói tanto, e tanto mais quanto se mostra
Inclemente, rígida e impiedosa
Dos sonhos de sonhar vazios.

Essa saudade que chega de mansinho
Sem cores, sem brilho, sem matizes,
Arranca as flores deixando raízes
Retorcidas à beira do caminho.

Renato Oliveira