sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Cruzeiro do Sul...

Em noite escura, luz reclusa,
Busco no céu o meu guia,
O Cruzeiro que ao Sul me conduza.

Quanto eu sonho
De um dia voltar a estes pagos,
Sorver meu mate amargo
E correr livre por esses campos,
Peito aberto a entoar meu canto,
O vento como companheiro.

-E nos braços do minuano
Ver nascer a vida e a canção
Nos olhos tristes de solidão.

Quanto eu penso
Em rever o meu Guaíba
De águas mansas beijando a areia,
Colar de prata enfeitando a cidade
Em noites claras de lua cheia.
Um colorido que encanta e fascina
No por do sol, aos finais de tarde.

-Praia de Belas, Assunção, Ipanema,
Manhãs de primavera tão serenas,
Outono, inverno, verão.

Quanto eu lembro
Das noites de junho, tão frias,
Aquecidas pelo calor de uma fogueira.
Santo Antonio, São João, São Pedro...
Alvoroço das moças casamenteiras,
Buscando a sorte nos jogos, nas simpatias.
Tantas promessas, tantos sonhos, tantos segredos...

-E o frio que corta o coração,
É todo saudade,
Não tem minuano, não.

Quero voltar
A navegar a lagoa dos sonhos,
Refletindo no sereno espelho d’água
A imensidão azul desse céu.
Que espanta a tristeza e a mágoa
De quem traz no peito o sonho,
Da volta ao lar que sempre foi seu.

-Tremulam, ainda, em águas profundas,
Os sonhos naufragados
Nos mares de uma vida revolta.

Se eu soubesse da vida
O que pensava saber de mim,
Hoje não estaria assim,
A chorar saudades tão sofridas,
Saudades tão antigas,
Quanto o desejo de voltar.


Em noite escura, luz reclusa,
Busco no céu o meu guia,
O Cruzeiro que ao Sul me conduza.

Renato Oliveira

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