E, hoje, meu dia foi muito doloroso.
Em meio a essa balbúrdia que é a vida, uma vez mais vi morrerem minhas esperanças de alcançar um pouco de paz.
Eu precisava, eu procurava um momento de solidão.
E o dia não passava. Lento e preguiçoso, o sol teimava em permanecer no meio do céu, enquanto eu suplicava para que a noite chegasse e, com ela, todo o silêncio que a envolve, que me envolveria também.
Enfim, a noite chegou. Sentei-me na varanda de casa para conversar com a noite, com as estrelas, pedir que me ajudassem a clarear meus pensamentos, meus sentimentos.
Mas havia muitas nuvens no céu. Não havia estrelas, não havia lua.
Mesmo assim, fiquei ali, por algumas horas.
Na verdade, estava ali somente meu corpo. Eu mesmo me encontrava distante, longe, na busca de um olhar. De um olhar perdido na vastidão desse mundo.
Tantas vezes te senti tão perto,
que erguia minha mão para acariciar teu rosto...
Tantas vezes ergui minha mão para secar uma lágrima tua,
ao sentir que choravas...
Tantas vezes sorri, ao pressentir que, ao longe,
tu também sorrias...
Tantas vezes...
Tantas vezes tuas palavras doces aqueceram minha vida...
Quando, para todos em volta, eu não mais existia...
Tantas vezes a ternura da esperança plantastes em mim...
Quando, ao meu coração, nada mais importava...
Tantas vezes, da alma sofrida, afastaste o desgosto...
Quando, em meio às tormentas, me aproximava do fim...
Tantas vezes...
Tantas vezes, em prece aos ventos, teu nome cantava...
Doce canção para embalar meu sono, meu sonhar...
Tantas vezes tu, na distância de nós dois, me acalentava...
Em suaves preces, orações para meu novo despertar...
Tantas vezes...
Uma vez...
Uma vez, uma única vez, ouvi tua voz, doce, terna...
Balada angelical unindo-se ao meu cantar
Do amor que faz, da vida, verdade eterna
Na doce ventura de, sonhando, te amar...
Uma única vez...
Uma vez, uma única vez, bastou-me...
Para saber, do amor, em sua grandeza...
Um sol, radiante, que iluminou-me...
E fez, do amor, a minha natureza...
Uma única vez...
Renato Oliveira
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