domingo, 9 de agosto de 2009

Eu e os outros...

Nesse cárcere em que me jogaram
Não deixaram a vida
Me acompanhar.
Não morri, não morrerei jamais
Agora sei que sou eterno,
Eternidade em mim..

Iludido por tantas áureas
Auroras, sucumbi ao desejo
De ser protetor e me dei
Mais do que de mim exigi.
E onde foram todos os sonhos?
Desceram pelas águas dos rios,
Nas chuvas que os levaram.

De que serve, então,
Tanto servir?
De dar-se à esmo,
Mesmo entre seus iguais?
Não haverá outros corações
A pulsar nos mesmos rítmos abissais.

E tu, que me acompanhas, oh, dor?
Porque não escondes teu rosto
E levas tua máscara
Horrenda e disforme à quem
Te suporte mais?
Deixa-me, esqueça-me.
De mim nada mais terás.

Na ausência do amor,
O amor me encontrou.
Eu o buscava, não o via;
Desisti, ele me amou.
Quero, desse amor etéreo,
Levá-lo às carnes,
Dar-lhe o sentido e o prazer
Que aliviem o desejo
Do gozo tardio
De quem nunca soube tê-lo.

Da letargia
Aguda e pontiaguda,
O sonho fez-se essência
Do querer.
E de cada tua ausência,
Amo, então, a existência
Do amor.
Há o que mais provar?

Nas rodas do eterno
Desfiam-se fios
Do destino,
Esquecidos de outra criação.
E onde encontro o fio da meada?
Nas mãos cansadas
do Fiador?
Ou na vida cansada
Do ir e vir, sem solução?
Renato Oliveira

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